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Categorias: Brasil
| Em 9 anos atrás

Estupro coletivo no Piauí cria alerta e gera comoção

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Teresina – A população de Castelo do Piauí, a 190 quilômetros de Teresina, ainda tenta entender o crime bárbaro que aconteceu em 27 de maio. Quatro adolescentes, entre 15 e 17 anos, foram espancadas, apedrejadas, estupradas, amarradas e jogadas de um penhasco de 8 metros de altura. No último domingo, uma das vítimas, Danielly Rodrigues Feitosa, de 17 anos, morreu. Revoltados, os moradores fizeram protestos, pedindo paz, justiça e segurança.

No Brasil, são registrados pelo menos seis estupros por hora, dos quais um é coletivo. Um perfil levado ao Congresso no ano passado revela outras semelhanças com o caso do pequeno município de 19 mil habitantes. Cerca de 15% dos estupros no País são coletivos. Em até 40% dos casos há drogas envolvidas e em 70,1% as vítimas tinham menos de 18 anos. Adão José de Sousa, de 40 anos, e quatro adolescentes, de 15 a 17 anos, são suspeitos de cometer o crime. Eles foram detidos e levados para Teresina, após ameaças de linchamento. Sousa está em área isolada da penitenciária.

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Os menores seguem no Centro de Internação Provisória. Na quinta-feira, os menores prestaram depoimento por mais de oito horas. Duas vítimas – que deixaram o hospital; uma garota ainda está internada – e familiares também foram ouvidos. Sousa não depôs. A delegada do Núcleo de Feminicídio, Tânia Miranda, disse que o caso segue em segredo de Justiça e não deu detalhes sobre os depoimentos.

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O processo tramita na 2.ª Vara da Infância e da Juventude, em Teresina, que tem como titular o juiz Antônio Lopes. A Justiça aguarda o resultado dos exames de DNA que podem comprovar o envolvimento dos suspeitos. Segundo o magistrado, os adolescentes devem ser punidos com três anos de internação e mais três anos em regime de semiliberdade no Centro Educacional Masculino (CEM), em Teresina. “Esse sistema nosso não recupera coisa nenhuma. Não se aplica o ECA (Estatuto da Criança e do Adolescente) em Teresina. É mera internação. Mero isolamento.”

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Violência

No dia do crime, as garotas haviam ido ao morro para tirar fotos para um trabalho escolar. No local, encontraram os cinco suspeitos consumindo drogas. Eles as capturaram e deram início à tortura. Os adolescentes suspeitos têm passagens pela polícia por furtos e drogas. Sousa já foi preso por homicídio, assalto e tráfico. Cumpriu 13 anos de prisão em São Paulo.

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Após a repercussão da barbárie, a Organização das Nações Unidas divulgou nota pública – assinada pela representante da ONU Mulheres Brasil, Nadine Gasman – condenando o estupro coletivo das garotas. Castelo do Piauí tem efetivo de três policiais militares, e o delegado que responde pela cidade fica em Campo Maior, a mais de 100 km de distância.

Após o crime, o secretário estadual de Segurança Pública, Fábio Abreu, anunciou reforço no policiamento ostensivo e o aumento do efetivo com mais quatro policiais. Ele ainda analisa a possibilidade de efetivar um delegado titular para o município. O prefeito de Castelo do Piauí, José Ismar Lima Martins (PSD), cogitou cancelar um tradicional evento, o Cachaça Fest, que ocorre em agosto e já está com verba assegurada. É realizado em parceria com o governo do Estado, o Sebrae e a iniciativa privada.

“Não temos clima para festas, sugeri que o dinheiro fosse revertido para ações de segurança e instalação de um sistema de monitoramento eletrônico no município. Mas ouvimos a população e, como o evento gera emprego e renda, eles decidiram que deveria ser mantido. Mas chegamos a tratar do cancelamento por causa da comoção popular”, disse o prefeito.

Castelo está em estado de calamidade por causa da seca. Tem 44 escolas de ensino fundamental e uma de ensino médio. A prefeitura depende principalmente do repasse do Fundo de Participação dos Municípios (FPM), que chega a R$ 8,5 milhões por ano. Das 5.565 cidades brasileiras, Castelo ocupou a posição de número 4.467 do Atlas do Desenvolvimento Humano no Brasil (IDHM), em 2010. (Fonte: Estadão Conteúdo)

 

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Altair Tavares

Editor e administrador do Diário de Goiás. Repórter e comentarista de política e vários outros assuntos. Pós-graduado em Administração Estratégica de Marketing e em Cinema. Professor da área de comunicação. Para contato: altairtavares@diariodegoias.com.br .