Estudos realizados pelo Instituto Butantan apontam dados iniciais de que a vacina Coronavac, produzida pelo centro de pesquisa biológica, contra a Covid-19, é capaz de combater as variantes P.1, do Amazonas, e P.2, do Rio de Janeiro. A informação foi publicada no site do Instituto produtor da vacina, nesta quarta-feira (10).
O estudo vem sendo realizado com o Instituto de Ciências Biomédicas da Universidade de São Paulo (ICB-USP), com amostras de 35 participantes vacinados na Fase 3 do Butantan. A avaliação completa inclui um número maior de amostras já em análise, em que terá os resultados divulgados posteriormente pelo Instituto.
De acordo com a publicação, as vacinas compostas de vírus inativado possuem todas as partes do vírus e isso pode “gerar uma resposta imune mais abrangente em relação ao que ocorre com outras vacinas que utilizam somente uma parte da proteína Spike (proteína utilizada pelo coronavírus para infectar as células)”.
O Instituto afirma que a vacina inativada do Butantan consegue ter uma proteína Spike completa. Dessa forma, pode “levar a uma proteção mais efetiva contra as variantes que apresentam mutação na proteína Spike, enquanto as vacinas que têm fragmentos menores desta proteína têm menos chances de serem eficazes contra as novas variantes”.
Na realização dos testes, são utilizados soros de pessoas vacinadas, colhidos por meio de exame de sangue. Essas amostras são colocadas em um cultivo de células e, posteriormente infectadas com as variantes. A neutralização consiste em testar se os anticorpos gerados em decorrência da vacina irão combater o vírus nesse cultivo.
As variantes P.1 e P.2, ambas com mutação E484K presente na variante B.1.351 e detectada na África do Sul, são avaliadas no estudo realizado pelo Instituto Butantan. “Em todos os testes foi utilizado o vírus “selvagem” (wild-type), ou seja, coronavírus íntegros com potencial de causar a infecção. Os testes são realizados em um laboratório de biossegurança de nível 3, que é destinado ao trabalho com microrganismos da classe de risco alto”, afirma a publicação.
Entretanto, os resultados são apenas um indicativo e o mais importante, neste momento, são os resultados já verificados na vida real, que é o impacto positivo da vacinação. Os índices de ocupação nos hospitais e Unidades de Terapia Intensiva, além do número de internações e óbitos já tiveram queda nos Estados de São Paulo e Pernambuco.
Conhecida como a variante amazônica, a P.1 apresenta 20 mutações, é apontada como causadora de reinfecção em Manaus e recebeu a classificação de “Variante de Preocupação”, pela Organização Mundial da Saúde.
Já a P.2, emergiu no Rio de Janeiro e já se espalhou por diversos estados, incluindo São Paulo, Paraná e Bahia, além de ter sido detectada no Reino Unido, Canadá, Argentina, Noruega, Irlanda e Singapura.