A CNI (Confederação Nacional da Indústria) divulgou estudo nesta semana com propostas de políticas públicas em apoio à adaptação de empresas ao modelo que vem sendo chamado de “indústria 4.0”.
O termo passou a ser utilizado nos últimos anos para designar a integração de diversos tipos de tecnologias no processo produtivo. Entre elas estão a chamada internet das coisas; a coleta e o processamento de dados em larga escala -conhecidos internacionalmente como Big Data; a impressão 3D; a robótica avançada e a inteligência artificial.
Segundo a confederação, mais da metade dos segmentos industriais no Brasil ainda está pouco adaptada a esse novo paradigma. O documento elaborado pela entidade aponta recomendações para impulsionar esse processo. As informações são da Agência Brasil.
Uma delas é a criação de um “Programa Nacional para Elaboração e Implementação de Plano Empresarial Estratégico de Digitalização”. Essa ação envolveria diferentes órgãos para auxiliar empresas a elaborar plano com um diagnóstico sobre as necessidades de digitalização de suas plantas produtivas e as estratégias e investimentos necessários para executar essa migração.
“Ainda existe um desconhecimento sobre as tecnologias digitais. É importante que a empresa consiga visualizar quais têm maior impacto e consigam ver o custo-benefício disso. E com base nisso, poderiam buscar apoio para implementação das tecnologias”, explicou João Emílio Gonçalves, diretor-executivo de Política Industrial da CNI.
Identificadas as demandas, a fase seguinte é a de implementação do plano. Isso envolve a coordenação da compra e instalação das soluções tecnológicas, bem como sua integração na linha de produção de cada empresa. Esse trabalho é feito pelo que a CNI chama de “empresas integradoras”.
“Agora se propõe o foco nas empresas integradoras porque podem se constituir no mecanismo de transmissão das inovações das tecnologias da Indústria 4.0”, diz o documento.
O estudo recomenda a destinação de recursos às empresas, como para a capacitação de técnicos e gestores. As verbas poderiam ser disponibilizadas pelo BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social) e pela Finep (Empresa Brasileira de Inovação e Pesquisa).
Outra forma de estimular a disseminação de tecnologias digitais na indústria seria aproveitar processos de compras das instituições públicas para estabelecer exigências que favorecessem soluções técnicas.
“A ideia é que, ao gerar demanda para aplicação em outros campos econômicos que não a atividade industrial, o governo apoiaria a construção de capacitação técnica, que poderia também gerar soluções para a indústria brasileira”, sugere o estudo da CNI.
A entidade cita como áreas que poderiam adquirir tecnologias relacionadas ao modelo de “indústria 4.0” as de transporte, segurança pública, energia e saúde.
Neste último, a adoção de soluções de inteligência artificial poderia, por exemplo, contribuir tanto na elaboração de diagnósticos quanto no desenvolvimento de novas drogas. (Folhapress)