Ribeirão Preto – Estudo da consultoria Markestrat divulgado pela Associação Nacional dos Exportadores de Sucos Cítricos (CitrusBR) aponta que o mercado mundial de suco de laranja recuou 15,2% entre 2004 e 2014, de 2,412 milhões de toneladas anuais para 2,042 milhões anuais de toneladas da bebida concentrada e congelada (FCOJ) equivalente. A diferença anual, de 370 mil toneladas de FCOJ, corresponde a 92,5 milhões de caixas (de 40,8 quilos) de laranja que deixaram de ser consumidas na forma de suco apenas no ano passado.
A queda foi puxada pelo mercado dos Estados Unidos. Foram 392 mil toneladas menos entre 2004 e 2014, de 1,080 milhão de toneladas para 688 mil toneladas anuais. “O problema para o Brasil só não foi maior porque nesse período a oferta de fruta na Flórida diminuiu drasticamente (por conta do greening) e os americanos ainda importam mais suco do Brasil”, explicou Ibiapaba Netto, diretor-executivo da CitrusBR. No ano-safra 2014/2015, encerrado em junho, os embarques para os Estados Unidos aumentaram 14% ante igual período anterior, de 213.294 toneladas para 243.734 toneladas.
Se considerada a redução gradativa do consumo mundial desde 2004, a queda acumulada foi de 1,8 milhão de toneladas ou 450 milhões de caixas de laranja. O volume da fruta é mais de uma safra e meia a estimada em 2015/2016 no parque comercial citrícola do Brasil, de 279 milhões de caixas. O estudo teve como base dados dos sistemas Tetra Pak Compass, Euromonitor, Planet Retail e do Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (USDA) e avaliou os 40 principais mercados que representam 99% do consumo mundial.
Além do recuo de 25% no mercado da América do Norte (Estados Unidos e Canadá), o mercado da Europa baixou 15% e o da Oceania 5% entre os períodos avaliados. Para suprir a queda, o mercado da Ásia avançou 23%; América Latina cresceu 85% e Oriente Médio, 88%. Na soma dos Brics (Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul) mais o México, o incremento no consumo foi de 66%, mesmo porcentual de recuo do resto do mundo.
“O problema é que mesmos que esses avanços sejam significativos do ponto de vista porcentual, a quantidade de suco ainda é muito pequena nos países emergentes”, informou Netto. No período de 2004 para 2014, o consumo anual dos Brics mais o México saltou de 175 mil toneladas para 293 mil toneladas. Enquanto isso, no mesmo espaço de tempo, o resto do mundo caiu de 2,297 milhões de toneladas para 1,749 milhão de toneladas.
“Ainda hoje o consumo dos Brics mais México é apenas 16% do que o resto do mundo consome. Precisamos lembrar ainda que a Europa leva 70% de nossa produção e os Estados Unidos, 21%”, explicou Netto. O Brasil responde por cerca de 57% da produção e por 81% do comércio internacional de suco de laranja.
Segundo a CitrusBR, duas saídas são estudadas para a queda do consumo mundial. A primeira é um projeto de marketing em parceria com a Associação Europeia de Sucos de Frutas (AIJN, da sigla em francês) para impulsionar as vendas no mercado externo. Como o projeto depende da adesão das empresas que compram o suco brasileiro, ainda não há prazo para que o projeto saia às ruas.
A segunda opção é a desoneração no preço final do suco de laranja, com a isenção no varejo de recolhimento de PIS/Cofins e do Imposto Sobre Circulação de Mercadorias e Serviços (ICMS) no Brasil, que poderia gerar uma demanda adicional de cerca de 50 milhões de caixas por ano de laranja apenas para atender o mercado interno. “Sabemos que o momento é complicado por causa do ajuste fiscal, mas temos conversado com o governo e acreditamos que, no momento adequado, podemos conseguir esse benefício”, concluiu Netto