O governador Marconi Perillo (PSDB) disse nesta terça-feira (29), em entrevista coletiva, que os estudantes que ocupam as escolas estaduais em Goiás em manifestação contra a implantação de Colégios Militares e Organizações Sociais (OS’s) não querem diálogo com o governo estadual.
“O que as pessoas que invadiram as escolas não querem é que essa experiência seja iniciada. O único diálogo que eles querem é o seguinte: acaba com a ideia das OS’s. Não é possível que isso ocorra em pleno século 21. Às vezes no acusam de falta de diálogo, mas o único diálogoa que tem para eles é: governo retira de pauta a experiência das OS’s”, explicou.
Segundo o governador, a não aceitação do modelo de gestão por OS’s implica em um possível fim do que ele chama de “sindicalismo oportunista partidário político”. “É que muita gente tem medo de que esse modelo dê certo e, com isso, o sindicalismo oportunista partidário político perca espaço para uma escola moderna, de futuro, de verdadeira qualidade e comprometimento de todos”, disse.
Além disso, Marconi ressaltou que o modelo de gestão de escolas estaduais por OS’s fará com que os filhos de pessoas que não têm condições de pagar escolas particulares tenham as mesmas condições de disputa no futuro.
“O que eu quero e sempre quis é que através da educação pública, de qualidade mesmo, haja a verdadeira democratização para os filhos dos trabalhadores, filhos dos pobres. Ou seja, buscar um ensino de qualidade que garanta as vagas nas melhores universidades e, consequentemente, depois os melhores empregos. Não podemos continuar a ter nas melhores unidades apenas os filhos de famílias mais abastadas que têm dinheiro para estudar em boas escolas particulares”, afirmou.
Oportunidade a partir da educação
“O que eu quero e sempre quis é que através da educação pública, de qualidade mesmo, haja a verdadeira democratização para os filhos dos trabalhadores, filhos dos pobres. Ou seja, buscar um ensino de qualidade que garanta as vagas nas melhores universidade e, consequentemente, depois os melhores empregos. Nós não podemos a continuar a ter nas melhores universidades apenas os filhos de famílias mais abastadas que têm dinheiro para estudar em boas escolas particulares. Em um momento como este, de crise econômica, inclusive, muitas pessoas da classe média estão levando seus filhos para a escola pública. Então, tanto os filhos dos pobres, dos trabalhadores, de pessoas de classe média ou até filhos de ricos que quiserem buscar uma escola pública, terão uma escola pública de qualidade”.
Implantação das OS’s
“Essa experiência já existe em algumas partes do mundo. Nós não queremos reinventar a roda, mas queremos ser ousados. Nós estamos sendo o primeiro estado no país a buscar uma alternativa segura, com metas estabelecidas, com regras claríssimas em relação à fiscalização, da eficiência do modelo. Vamos começar em poucas escolas inicialmente e depois, à medida em que esse modelo for dando certo, como aconteceu na saúde, nós vamos evoluindo em relação às outras escolas. O fato é que nós queremos sair da mesmice, do mais do mesmo. Não é possível que a gente possa aceitar que a educação no Brasil esteja boa se nas 200 melhores universidades do mundo não consta nenhuma universidade brasileira, nem as mais importantes de São Paulo, do Rio [de Janeiro], de Minas Gerais ou até mesmo a Universidade Federal de Goiás (UFG), reconhecidamente uma boa universidade”.
Investimento na educação
“Mas é preciso investir em educação básica, nas melhorias da educação de uma maneira geral, e nós não podemos admitir que o sectarismo político e ideológico possa prevalecer, que o corporativismo sindical político-partidário possa prevalecer sobre uma discussão de bom-senso, séria e que tem como objetivo melhorar para os filhos dos pais trabalhadores”.
Diálogo
“Eu estou buscando um diálogo direto agora com os pais. De um lado está o sindicalismo político-partidário, de outro estão os pais que querem o melhor para seus filhos. E eu estou do lado dos pais e, é claro, do lado dos bons servidores e bons professores que querem o melhor para a educação. Recentemente aqui nesta sala eu disse aos diretores das escolas que estão ocupadas que na saúde aconteceu o seguinte, os diretores das unidades são mais valorizados hoje, inclusive em termos de salário, fora as outras condições de trabalho”.
Comparação com a Saúde
“Os profissionais que estão hoje na saúde, que eram os estatutários e celetistas são muito mais valorizados. Houve uma otimização geral, inclusive a exigência do cumprimento rigoroso das planilhas de trabalho de cada um dos servidores. Os resultados da saúde são conhecidos de todos. O que nós queremos é levar isso para a educação, com uma diferença: na educação nós não lutamos a cada segundo contra a morte. Na saúde, se demorarmos um segundo em um determinado procedimento por conta da inércia, ineficácia e burocracia, as pessoas morrem. Na educação, elas vão morrer ao longo do tempo pela falta de instrução. Morrer condenadas à exclusão social. Na saúde morrem por que faltou assistência. Na educação, ao longo da vida as pessoas vão ficando à margem se não alcançarem uma boa educação. Então, nós estamos munidos dos melhores propósitos e repito: o Brasil está de olho nessa experiência”.
Discussão no país
“Nós tivemos duas reportagens seguidas da Revista Época, tivemos reportagem na Folha de S. Paulo. É natural que o contraditório se estabeleça, que algumas pessoas defendam com paixão o modelo atual, que já é um modelo de 100 anos e provou que não dá certo. E é natural que outras pessoas defendam a inovação, a mudança para o bem, esse novo conceito de gestão. Nós não vamos mudar nada no pedagógico, o Estado vai continuar ditando as regras, ninguém vai pagar um centavo. A diferença é que nós vamos ter uma escola boa. Eu quero ver o que acontecia há 50 anos na educação. Para se ingressar em uma escola pública era preciso fazer um exame de admissão tamanha era a procura por vaga em escola pública. Porque não sonhar com uma escola que de novo volte a apresentar essa perspectiva? Eu estou convencido disso. E mais do que isso, eu estou disposto a debater em quaisquer fóruns, com quaisquer pessoas essa proposta que precisa, no mínimo, ter o direito de ser experimentado”.
Ocupação de escolas
“O que as pessoas que invadiram as escolas não querem é que essa experiência seja iniciada. O único diálogo que eles querem, é o seguinte: acaba com a ideia das OS’s. Não é possível que isso ocorra em pleno século 21. Às vezes nos acusam de falta de diálogo, mas o único diálogo que tem para eles é: governo retira de pauta a experiência das OS’s. Porque isso? Porque não aceitar que a gente faça essa experiência na educação pública com as OS’s? Eu sei, eu tenho a resposta. É que muita gente tem medo que esse modelo dê certo e, com isso, o sindicalismo oportunista partidário político perca espaço para uma escola moderna, uma escola de futuro, de verdadeira qualidade e comprometimento de todos”.