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Notícias do Estado
| Em 9 meses atrás

Mais de 400 mil estudantes da rede pública de Goiás recebem chip educacional; entenda

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Uma das estratégias cruciais, apontada por especialistas para o avanço da educação pública no Brasil, está em implementação em Goiás. Após retornarem às aulas este ano, 410 mil alunos do Ensino Fundamental e Médio das redes estadual e municipais devem ter acesso gratuito à internet em suas residências, complementando as aulas presenciais.

Os R$ 83 milhões investidos pelo governo estadual provêm do Fust (Fundo de Universalização dos Serviços de Telecomunicações) e são parte dos R$ 3,5 bilhões destinados a estados e municípios para fornecer conectividade a até 22 milhões de crianças e adolescentes de famílias de baixa renda, inscritos no CadÚnico, quilombolas e indígenas.

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Além de fomentar a inclusão digital dos estudantes de baixa renda, o programa apresenta uma tecnologia inovadora, desenvolvida no Brasil, para tornar o ensino híbrido mais eficaz e seguro. Esse modelo combina atividades em sala de aula com reforço e nivelamento de conteúdo em casa. O chip fornecido aos alunos é o acesso principal a um ambiente educacional gerenciado pelos profissionais da educação.

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Os estudantes seguem um caminho de aprendizado personalizado, com monitoramento de desempenho, frequência e tarefas, e só podem acessar os sites permitidos pela secretaria de educação. Isso é viabilizado por um filtro de conteúdo hospedado na “nuvem”, que é inviolável ao contrário dos filtros semelhantes instalados nos dispositivos.

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“Anteriormente, os governos usavam chips convencionais e sistemas de bloqueio de conteúdo instalados nos aparelhos. Com isso, os estudantes podiam facilmente burlar o sistema e usar o pacote de dados custeado pelo poder público para outros fins, como consumir conteúdos de entretenimento”, diz Rivaldo Paiva, CEO da Base Mobile, startup de Pernambuco responsável pelo desenvolvimento da solução.

“Com essa nova tecnologia, de fato, podemos assegurar o bom uso do recurso público e que crianças e adolescentes não tenham acesso a conteúdos inadequados e nocivos, como os que propagam a violência no ambiente escolar.”  

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Em 2023, o Brasil registrou nova onda de casos de violência em escolas, em ações muitas vezes coordenadas ou estimuladas pela internet. Ao mesmo tempo, segundo o Comitê Gestor da Internet no Brasil (CGI.br), em um ano, entre 2021 e 2022, houve uma “explosão” no número de casos “sensíveis” envolvendo estudantes e as novas tecnologias de comunicação: 61% dos 1.424 professores ouvidos pela pesquisa “Tic Educação 2022” relataram ter apoiado alunos nesse tipo de ocorrência.

Situações de “disseminação ou vazamento de imagens sem consentimento” foram as que mais cresceram (+117%). A seguir, vieram relatos de “cyberbullying” (+55%), “uso excessivo de jogos e tecnologias digitais” (+44%), “assédio” (+42%) e “discriminação” (+36%).    

“No caso de escolas que oferecem aos alunos acesso gratuito à internet, o controle sobre os conteúdos é importante para garantir que as ferramentas digitais sejam usadas com segurança para fins educacionais”, explica Ricardo Castellini, coordenador de educação para a mídia, na Irlanda, do Observatório Europeu de Mídia Digital, principal iniciativa de educação midiática da União Europeia. “Crianças e adolescentes ainda estão formando sua capacidade crítica de entender o mundo a sua volta, e, portanto, nem sempre conseguem avaliar com segurança e confiança a qualidade dos conteúdos a que são expostas”.

Como parte do programa “Conectividade Móvel”, em 12 de dezembro o Governo de Goiás entregou mais de 20 mil chips e 2 mil tablets na Coordenação Regional de Educação (CRE) de Aparecida de Goiânia.  

“Por meio das ferramentas tecnológicas ofertadas pelo programa, professores e alunos poderão ampliar os estudos e os conhecimentos pedagógicos”, destacou, na ocasião, o superintendente de Tecnologia da Secretaria de Estado da Educação, Bruno Marques.  

Uma das beneficiadas pelo programa é a estudante Sophia Araújo, da 1ª série do Ensino Médio. Para ela, o chip de Internet vai garantir que ela acesse as plataformas educacionais por mais tempo. “Com o Wi-Fi da minha casa, a conexão fica mais lenta e nem sempre consigo acessar tudo o que preciso. Com o chip, eu não vou ter mais essa preocupação”, comemora a aluna.  

O uso dos recursos do Fust para promover a inclusão digital no ensino público também está se transformando em realidade em outras regiões do país.

Além do programa Internet Brasil, iniciativa do Governo Federal que já beneficiou 50 mil estudantes e vai alcançar um total de 700 mil, o chip educacional com filtro de conteúdo e demais funcionalidades foi adotado no ensino público de diferentes estados e municípios. Mais de 220 mil alunos estão usando a tecnologia nos programas de conectividade da Bahia e dos municípios de Belo Horizonte (MG), Goiânia (GO), Nova Lima (MG) e Lagoa Santa (MG).

O sistema que inclui o chip educacional também foi contratado e será implantado pelos governos dos estados de Espírito Santo, Amazonas, Alagoas e Sergipe, e pelas prefeituras de Aracajú (SE) e Joinville (SC), beneficiando outros 610 mil estudantes.

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Carlos Nathan Sampaio

Jornalista formado pela Universidade Federal e Mato Grosso (UFMT) em 2013, especialista Estratégias de Mídias Digitais pelo Instituto de Pós-Graduação e Graduação de Goiânia - IPOG, pós-graduado em Comunicação Empresarial pelo Senac e especialista em SEO.