O evento de filiação do empresário José Batista Júnior, o Júnior do Friboi, no PMDB, contou com discurso ensaiado, políticos nacionais, homenagens à família, à imprensa, ao Estado, ao povo goiano… Criança no colo, pai no altar, auditório lotado, citação bíblica e tudo mais. O que levantou, arrancando aplausos calorosos da plateia, no entanto, foi o ‘bom e velho’ Iris Rezende.
E mereceu destaque o discurso do presidente estadual do PMDB, Samuel Belchior. Sem medo nem receio, o deputado fez o que há muito tempo não se faz na Assembleia Legislativa de Goiás: oposição.
Pontuou as dificuldades da gestão de Marconi Perillo (PSDB) e aumentou o tom ressaltando as denúncias feitas pela imprensa nacional. “Esse governo conseguiu colocar o nosso Estado no topo do ranking nacional de corrupção. Ele queria a mídia do país, conseguiu. Estampamos um número recorde de capas no Brasil como gestão dominada pelo crime organizado”, afirmou.
Samuel falou sobre os problemas da Celg e acusou o governador tucano de “embolsar” a verba, viabilizada por empréstimo do governo federal, para sanear as dívidas da estatal. O deputado pediu ainda união das oposições para derrubar a administração que “está afundando o Estado de Goiás”.
Falou, brigou, reclamou, mas foi, de fato, reconhecido quando agradeceu a liderança de Iris Rezende, que, segundo ele, é a “maior referência da política goiana”.
Nessa hora, a plateia demonstrou entusiasmo, e o ex-governador foi ovacionado de pé, enquanto o cerimonial pedia para que aumentassem a intensidade do jingle que dizia: “Tá do lado de cá, Júnior Friboi é do PMDB. É do Iris. É da gente. É do PMDB.”
O empresário assinou a ficha de filiação em seguida, e deu início a um discurso ritmado, repleto de frases de efeito, sob a regência de dois jornalistas/marqueteiros nacionais. Um deles, maestro, acenou e comandou, de longe, o momento de pausar, levantar a cabeça, sorrir, acelerar, pausar novamente, chamar o pai ao seu lado, pegar o filho no colo, se emocionar e… Tentar suprir o déficit de sua inabilidade política.
Friboi utilizou o que tem de melhor a seu favor: experiência na esfera privada. Narrou sua trajetória empresarial e fez um paralelo com a vida pública. Foi do açougue ao maior frigorífico da América Latina. Um dos maiores do mundo.
Cometeu gafes, claro. Nitidamente nervoso, trocou o nome do partido, gaguejou em alguns pontos da leitura e perdeu o elo com o público quando agradeceu sua mãe por adiar uma viagem para Nova York para comparecer ao evento. Nova o quê? Roma? Nova Roma? Não, Nova York, off course.
O empresário se lançou candidato. Disse que sairá das convenções como o nome do PMDB. Maguito Vilela endossou.
Falou, discursou, lançou candidatura, leu, leu, leu… E foi aplaudido quando disse se espelhar no “governador dos governadores, Iris Rezende”.
Iris Rezende? Sim, citou de novo, e os militantes foram ao delírio. A chuva de confetes preparada para selar o discurso, selou o reconhecimento de Friboi ao maior cabo eleitoral do Estado, segundo pesquisas de opinião.
O presidente nacional do PMDB, Valdir Raupp, discursou. O vice-presidente da República, Michel Temer, discursou. Dona Iris foi homenageada, mas não discursou. Nenhum chegou lá.
Foi um clima de festa. Aproximadamente 1,2 mil pessoas. E com Iris Rezende no centro das atenções. Um centro distante 600 quilômetros do local do evento.
Foi de sua fazenda em Canarana, no Mato Grosso, que o ex-governador tornou-se a maior estrela do ato de filiação da tarde de quarta-feira, 15.
Ausente, foi a presença mais sentida – e aplaudida.