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“Nós somos mães, nós educamos os nossos filhos. A coisa que uma mãe mais quer é ver o filho educado pra ser um cidadão de bem”, afirmou Marina Silva para Jair Bolsonaro (PSL) em debate nesta sexta-feira (17).
O embate com o presidenciável a respeito de gênero dá o tom da estratégia da candidata da Rede, que explorará no curto tempo da corrida eleitoral o fato de ser a única candidata mulher competitiva para atrair o cobiçado eleitorado feminino.
Diferentemente de 2010 e 2014, quando teve como adversária a petista Dilma Rousseff, em sua terceira tentativa de chegar ao Planalto, Marina não dividirá espaço em eventos e debates com outras candidatas -só o PSTU também lançou uma mulher como cabeça de chapa, mas Vera Lúcia não pontua nas pesquisas.
Na quinta (16), primeiro dia de campanha, Marina utilizou seu primeiro evento para focar as mulheres: “Nós somos mulheres corajosas. Homens, nos deem licença. Às vezes a gente tem que ficar se provando o tempo inteiro”, disse.
Depois do afago às eleitoras durante a tarde, Marina usou o evento do Mulheres do Brasil (grupo fundado pela empresária Luiza Helena Trajano, do Magazine Luiza) para falar ao auditório exclusivamente feminino sobre ser subestimada por ser mulher.
“Eu venho de uma realidade de muita dificuldade que é a mesma de muitas mulheres brasileiras que são subestimadas e têm que provar o tempo todo que pensam, que podem, que fazem”, afirmou.
Pesquisas mostram que a candidata já tem preferência entre essa parcela do eleitorado. Em uma consulta do Datafolha em junho, Marina despontou como uma das preferidas do eleitorado feminino, na contramão de adversários como Ciro Gomes (PDT) e Jair Bolsonaro (PSL), que, com pecha de machistas, enfrentam resistência no segmento.
Conquistar as mulheres é visto como importante para todos os postulantes ao Planalto, já que representam 52% do eleitorado brasileiro.
Além disso, são maioria também no desejado voto indeciso. De acordo com o Datafolha, em um cenário sem Lula, 41% das mulheres não saberia em quem votar se a eleição fosse no início de junho, contra 25% dos homens.
A agenda de Marina evidencia a prioridade dada: além dos primeiros eventos de campanha, a candidata desembarca nesta segunda-feira (20) em Fortaleza para visitar o Instituto Maria da Penha.
No evento em que foi lançada sua chapa com Eduardo Jorge (PV), no início de agosto, a ex-senadora criticou a desigualdade salarial com os homens, defendeu mais políticas públicas para o combate à violência doméstica e disse que “especialmente as mulheres negras” são “excluídas da maioria dos direitos no Brasil”.
A candidata até dançou no palco com um grupo de artistas femininas que cantou, em roda, uma música sobre a força da mulher. Sempre que pode, a líder da Rede exalta sua história de superação e associa muitas das dificuldades que enfrentou ao seu gênero.
Em sua conta no Twitter, em 7 de agosto, Marina também prometeu que dará “peso muito grande” para mulheres em seu gabinete presidencial e ministérios, se eleita.
“As mulheres terão um peso muito grande no meu gabinete e no meu ministério, assim como elas devem ter um peso importante dentro do Congresso e dentro das empresas”, escreveu.
Marina também alardeará suas propostas de políticas para as eleitoras, que têm uma seção em suas diretrizes programáticas.
O documento protocolado no TSE (Tribunal Superior Eleitoral) na terça (14) fala, por exemplo, em combate à violência doméstica e ao feminicídio, e em projetos de empreendedorismo e aumento de ofertas de vagas em creches.
Na parte em que trata de saúde, a candidata defende o estímulo ao parto humanizado, oferta de contraceptivos em farmácias populares, a prevenção da gravidez adolescente e investimento em políticas de planejamento familiar.
Questionada com frequência sobre sua posição em relação à descriminalização do aborto, a ex-senadora (que é contrária mas diz que faria um plebiscito se eleita) não menciona a possibilidade de interrupção de gravidez nas diretrizes programáticas.
Ela diz ainda que vai rever a autorização para que gestantes trabalhem em local insalubre, previsto na reforma trabalhista.
(FOLHA PRESS)