MAURO ZAFALON
SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – Os cinco países que interromperam o recebimento da carne bovina brasileira -Chile, China, Hong Kong, Egito e Argélia- somaram 55% das exportações do país no ano passado.
Com isso, a carne que tinha como destino esses países deverá ser colocada no mercado interno. Para evitar que os estoques do produto aumentem ainda mais, os frigoríficos estão fazendo um remanejamento dos abates. Muitos pecuaristas de diversas regiões do país já receberam avisos da indústria para que cancele o envio de gado que seria abatido a partir de quinta-feira (23).
Pelo menos 11 países já se manifestaram a respeito da carne bovina brasileira após a Operação Carne Fraca. Alguns, como o Chile, interromperam as importações. Outros, como a União Europeia, bloquearam a entrada de produtos de frigoríficos específicos (quatro ao todo).
Há também os países que pediram explicações ao governo brasileiro, como o Japão, enquanto outros afirmam que vão elevar a fiscalização da carne brasileira ao chegar em seus portos.
Um dos efeitos internos da operação da Polícia Federal foi o enfraquecimento dos preços da arroba de boi. Os frigoríficos querem que essa atitude de remanejamento dos abates não seja entendida pelos pecuaristas como um movimento para baixar ainda mais os preços do gado.
A situação nos setores de carnes de frango e de suíno é diferente. Enquanto o boi pode continuar no pasto se alimentando sem elevar custos, o frango, ao atingir próximo de 38 dias, tem de ser abatido. A partir daí, a margem de ganho do produtor começa a cair.
No caso dos suínos, a indústria ainda tem a possibilidade de um remanejamento, mas pequeno. (Folhapress)