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Categorias: Brasil
| Em 7 anos atrás

Estados têm queda de registros de posse, uso e tráfico de drogas

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Caiu em 6% o número de ocorrências registradas pelas forças de segurança do Brasil por posse, uso e tráfico de drogas em 2016 em relação ao ano anterior, de acordo com dados do 11º anuário do Fórum Brasileiro de Segurança Pública, divulgado nesta segunda-feira (30).

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A queda maior foi nas ocorrências de uso e posse de drogas, que passaram de 140.313 em 2015 para 128.306 em 2016, redução de 8%. Já entre as ocorrências por tráfico, a queda foi de 4%.

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O Distrito Federal é a unidade federativa que, proporcionalmente, mais registra ocorrência por posse e uso, proporcionalmente à sua população. Foi uma taxa de 202 ocorrências por 100 mil habitantes, muito acima do segundo colocado, Mato Grosso, com taxa de 120 casos por 100 mil pessoas.

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Ainda assim, houve queda de 17% nas ocorrências do tipo no DF em relação ao registrado no ano anterior -passaram de 7.301 para 6.037.

Na opinião do delegado-chefe da Coordenação de Repressão às Drogas do DF, Rodrigo Bonach, a queda reflete um sucateamento da estrutura da Polícia Civil. “A Polícia Civil não tem recebido a devida atenção do Estado. O nosso quadro é menor que era em 1993, e de lá para cá a população aumentou exponencialmente. Repressão a crimes é produtividade, a polícia tem que estar aparelhada”, afirma.

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Já para o secretário de Segurança Pública do Espírito Santo, André Garcia, a queda tem a ver com o enfrentamento da criminalidade no Estado, campeão na taxa de ocorrências de tráfico de drogas: 129 casos por 100 mil habitantes.

“Nos últimos anos o Estado teve reduções contínuas na taxa de homicídios. Passamos de 58 por 100 mil habitantes para 29 por 100 mil habitantes. E tem uma relação muito próxima entre homicídios e tráfico de drogas. A maioria dos crimes letais intencionais acontece em função da dinâmica das ações de tráfico, como cobrança de dívidas e disputa de pontos de drogas”, diz.

Garcia admite que “há necessidade de aumentar o efetivo da Polícia Civil”, mas diz que o Espírito Santo não sofre da mesma falta de infraestrutura que outros Estados.

Para o pesquisador do Fórum Rafael Alcadipani, professor da Fundação Getúlio Vargas, a queda reflete uma mudança na percepção do uso de drogas na sociedade. “Na prática cotidiana brasileira, a maconha foi legalizada. Para o policial, não vale a pena levar uma pessoa para a delegacia por uso e posse. É um crime de menor potencial ofensivo, a tendência é de na delegacia não gostarem de registrar a ocorrência, se chegar no Judiciário também não vai gerar  uma coisa muito maior, o usuário não vai preso”, explica.

Em busca de soluções para a segurança pública, 20 governadores se reuniram na última sexta-feira (27) em Rio Branco para cobrar do governo federal mais recursos para combater o narcotráfico.

LEGALIZAÇÃO?

“Passamos a ser o segundo maior consumidor de drogas do mundo. Isso tem consequências na segurança pública, como o fortalecimento de facções, afirma André Garcia. “A legalização é uma questão que precisa ser discutida com dados, com experiência, e não com preocupação da repercussão sob o ponto de vista religioso ou político.”

“A discussão precisa ser feita. Não sei dizer qual seria a repercussão no SUS ou qual o modelo mais adequado para a realidade brasileira. mas é certo que apostar só no modelo de enfrentamento policial não vai dar certo nunca, nem aqui, nem nos Estados Unidos”, diz o secretário.

Na visão de Alcadipani, os dados “mostram a necessidade de o Estado brasileiro ter uma política mais inteligente, que é a regulação do uso de drogas”.

O delegado Bonach, do DF, discorda. “Acho a descriminalização extremamente arriscada. Tem muito achismo. Experiências de outros países não demonstra ter havido muita vantagem. O Uruguai está tendo problemas, e é do tamanho do DF. Há outra realidade no Brasil, nós temos 200 milhões de habitantes”.

Além disso, diz, a descriminalização não seria suficiente para enfraquecer grupos criminosos, que ainda poderia lucrar com o contrabando. Bonach diz que poderia haver também impacto na produção de alimentos -agricultores podem escolher plantar maconha ao invés de outros produtos, caso o preço esteja favorável, argumenta.

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