A crise na Saúde Pública de Goiânia tem mais um componente. O Estado está insatisfeito com a forma de se administrar o sistema de regulação de leitos de UTIs e estuda promover mudanças no modelo de gestão. Uma auditoria está sendo realizada para identificar a ocorrência de falhas no processo.
Em entrevista exclusiva ao Diário de Goiás nesta sexta-feira (8), o secretário estadual de Saúde, Leonardo Vilela, se mostrou bastante insatisfeito com a qualidade do serviço oferecido. Ele destacou que já reclamou a secretária de Saúde da capital, Fátima Mrué, e a gestores que a antecederam. Ele afirmou que há indícios de irregularidades e defende a implantação de uma gestão compartilhada entre o Estado de Goiás e o Município de Goiânia.
A mudança no processo de regulação chegou a ser cogitada por vereadores que participam da Comissão Especial de Inquérito (CEI) na Câmara Municipal de Goiânia que investiga irregularidades na área da Saúde Pública na capital. Leonardo Vilela esteve presente nesta sexta-feita no lançamento do DIA D de Combate à Dengue no Parque Atheneu, em Goiânia. A secretária de Saúde da Prefeitura de Goiânia, Fátima Mrué confirmou presença, por meio da assessoria de imprensa, mas não compareceu ao evento.
Leia abaixo a entrevista concedida pelo secretário
Diário de Goiás: Alguns componentes da Comissão Especial de Inquérito que investiga irregularidades na Saúde Pública de Goiânia sugeriram que o Estado assuma o sistema de Regulação. Esse tipo de assunto está sendo discutido pela Secretaria Estadual de Saúde?
Leonardo Vilela: Após um relatório preliminar mostrando graves falhas na gestão dos leitos de UTIs em Goiânia, Aparecida e Anápolis, eu determinei uma auditoria assistencial do Sistema Único de Saúde, o SUS, que está em andamento. E após a conclusão desta auditoria vou me reunir com a minha equipe para tomar as providências necessárias. Eu acredito que a Regulação Compartilhada, especialmente dos hospitais estaduais é o melhor caminho. Este tipo de regulação já é feito no estado de São Paulo, nós acreditamos que pode ser essa uma solução, mas tudo isso deverá ser discutido após o encerramento da auditoria pela equipe técnica da secretaria de saúde e discutida na comissão bipartite com os secretários municipais de saúde para chegarmos a uma conclusão construída de forma consensual.
Diário de Goiás: O que já foi possível detectar até o momento?
Leonardo Vilela: Acho que falta transparência, sempre disse isso a atual secretária e aos que a precederam. É preciso que os municípios, que o estado, que os órgão reguladores, o Ministério Público, tenham aberto o painel da regulação. Hoje nós encontramos muitas falhas, há uma má gestão por parte da prefeitura nos leitos de UTIs. Eu já disse isso a secretária, já mandamos ofícios, já mandamos relatórios, e o que nós queremos, pois o Estado é responsável pela metade de leitos de UTIS do SUS e co-financia uma função importante, os leitos restantes. Sentimos no direito e na obrigação de participar efetivamente da regulação dos leitos de UTIs.
Diário de Goiás: Secretário, essa auditoria deve terminar quando?
Leonardo Vilela: Deve estar terminando aí nas próximas semanas. É uma auditoria extremamente minuciosa, importante. Mas sem dúvida nenhuma queremos que ela seja o retrato fiel da realidade. Temos indícios que há graves irregularidades e essa auditoria vai ou não confirmar estes indícios.
Diário de Goiás: Como vai funcionar esta Regulação Compartilhada?
Leonardo Vilela: Nós teremos uma única sala com reguladores do Município, do Estado, com painéis abertos, visto por todos, com a quantidade de vagas.
Diário de Goiás: Nos moldes do Conecta SUS?
Leonardo Vilela: Nos moldes do Conecta SUS e nos moldes que nós temos, por exemplo, entre o Estado e o Município de São Paulo que é feito por uma organização social. É uma questão extremamente racional e que funciona muito bem. O Município de São Paulo é seis, sete vezes maior do que Goiânia, o Estado de São Paulo é seis, sete vezes maior do que Goiás. Se deu certo lá, não tem porque não dar certo aqui.
Leia mais
“Só no desespero é que fiz isso”, diz mulher que arrancou os dentes em Goiânia