Política

Especialistas explicam diferença entre perfis de senador e deputado federal

Em recente entrevista ao Diário de Goiás, o presidente estadual do PSD, Vilmar Rocha, disse que o deputado federal Delegado Waldir (União Brasil), pré-candidato ao Senado nas eleições de 2022, não tem as características de quem ocupa uma vaga como a que ele deseja.

“Eu gosto dele. Na eleição de 2014, ele me ajudou na minha candidatura ao Senado. Não é nada pessoal. Eu acho que o perfil do delegado Waldir é mais para ser deputado federal e não para ser senador”, afirmou.

Também ao Diário de Goiás, Delegado Waldir rebateu. “Onde compro forma pronta para ser senador?”, questionou. “Não tenho perfil porque não tenho telhado de vidro, abri mão de todos os privilégios e sou carismático?”

“Quem é o candidato do Vilmar Rocha? Ele tem perfil? Construiu um palácio para os deputados estaduais [em referência ao presidente da Assembleia Legislativa, Lissauer Vieira, do PSD]. Por que não construiu escolas?”, acrescentou.

Diferença entre perfis

Diante dessas declarações, a reportagem consultou dois especialistas para ajudar a entender, afinal, qual é o perfil de um senador e quais são as diferenças em relação ao de um deputado federal.

Doutor em Sociologia pela UFG, com ênfase em partidos políticos e comportamento eleitoral, José Elias Domingos explica que o sistema político bicameral, com Senado e Câmara dos Deputados, serve para garantir um contrapeso institucional. “Eles se equilibram.”

A Câmara dos Deputados, ressalta o sociólogo, representa a população, enquanto o Senado tem a função de representar os estados. Por isso, há mais deputados federais de São Paulo do que de Goiás, mas o número de senadores é o mesmo.

Os pré-requisitos para se candidatar são diferentes. Por exemplo, para o Senado, a idade mínima é de 35 anos. Na Câmara dos Deputados, 21. “Pela questão do critério etário e por haver poucos representantes por estado, a impressão que se passa, na cultura política, é a de que o cargo de senador é mais disputado”, explica José Elias.

“Isso não quer dizer necessariamente que o cargo de senador é mais importante, até porque existem muitas atribuições em comum, como discussão do orçamento e apreciação de vetos presidenciais, embora, no Senado, o mandato seja maior, de oito anos, e com funções específicas, como aprovação de indicados ao STF [Supremo Tribunal Federal”, complementa.

Como a lista de candidatos a senador é menor do que a de deputado federal, “o voto é mais direcionado a partir das coligações e, em tese, é uma escolha mais fácil para o eleitor, que tem mais oportunidade de conhecer propostas diretamente vinculadas ao seu estado”.

No entanto, de acordo com o sociólogo, um candidato ao Senado não pode falar apenas sobre um assunto, como combate à corrupção. “Ele precisa apresentar propostas concretas para se fazer valer como representante político do estado.”

Mestre em Ciência Política pela UFG e professor da Pontifícia Universidade Católica de Goiás (PUC-GO), Guilherme Carvalo diz que, “tradicionalmente, o Senado, até por ser uma Casa revisora, via de regra conta com políticos mais experientes, como ex-governadores, ex-presidentes e outras pessoas que ocuparam funções de alto escalão da República”.

“O cargo de senador não é para figuras que ascenderam na esteira de movimentos sociais de momento ou cresceram na crista da onda de novos movimentos políticos. Normalmente, ele transcende essas bandeiras e tem um papel mais institucional do ponto de vista da ligação com o estado, diferentemente de um deputado federal, que é eleito de forma proporcional e reflete mais esse tipo de característica em uma eleição”, prossegue.

O cientista político aponta, ainda, que, no Senado, as cadeiras costumam ser ocupadas por nomes com “mais riquezas e de famílias com raízes mais tradicionais na sociedade brasileira”.

Segundo ele, o voto para senador tende a ser o último que o eleitor define, obedecendo principalmente a dois critérios. “Primeiro, o recall e, depois, em quem o candidato a governador pede. Agora, com a possibilidade de candidaturas isoladas, é como se a eleição fosse para deputado federal, com cada candidato dividindo suas bases em distrito.”

Marcelo Mariano

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