A proposta de liberação da faixa da direita, exclusiva para ônibus do transporte coletivo em Goiânia, para motociclistas, feita pelo candidato à prefeitura da capital, Sandro Mabel (UB), pode não ser uma ação eficiente, segundo especialistas da área. Pelo contrário, trata-se de algo que pode até mesmo piorar o trânsito da capital.
Em entrevista à Coluna Giro, do jornal O Popular, a arquiteta urbanista, mestre e doutora em transportes e pesquisadora da UFG, Erika Cristine Kneib, apontou os prejuízos que podem ser gerados a partir do projeto, caso seja colocado em prática.
“Pode gerar sensação inicial de facilitar o fluxo das motos. Porém, os prejuízos são muitos: prejuízos para os motociclistas, que estarão mais expostos a sinistros de trânsito; prejuízo para o transporte coletivo, que terá seu tempo de viagem aumentado; prejuízo para a sociedade, uma vez que pode atrair ainda mais pessoas a usarem motocicletas”, frisou, com a afirmativa de que, ao contrário de melhorar o trânsito, a proposta pode “até piorar” a mobilidade da capital.
O pensamento é compartilhado por Ronny Aliaga Medrano, professor e doutor em transportes e especialista em planejamento de transporte e ciência dos dados aplicados a transporte. O profissional enfatiza que um projeto semelhante foi implantado em Londres, com ganhos apenas para motociclistas, sem prejuízos aos demais veículos.
No entanto, foram realizados amplos estudos que apontaram não existirem riscos na liberação e o sistema foi colocado em prática com regras específicas. Outro ponto destacado por Medrano foi o de que, diferente de Goiânia, a capital da Inglaterra conta com diversos corredores para tal finalidade.
“Na minha perspectiva, não seria tão assertivo”, disse o especialista, com a ressalva de que serem necessários estudos detalhados para avaliar uma melhor forma para implantação do projeto.