Mais uma decisão polêmica da política brasileira, que não surpreende, mas preocupa, é a da medida provisória que estende a possibilidade de empréstimo consignado a beneficiários de programas de transferência de renda, como o Auxílio Brasil e o Benefício de Prestação Continuada (BPC), aprovada pelo Senado nesta quinta-feira (7). A proposta já foi aprovada pela Câmara e agora segue para a sanção presidencial.
Com isso, os beneficiários dos programas poderão autorizar a União a descontar dos benefícios os valores referentes ao pagamento mensal de empréstimos e financiamentos, com limite de até 40% do valor recebido por meio do programa assistencial. MP preocupa especialistas que alertam sobre altos riscos de dívidas dessas famílias o que pode agravar ainda mais a situação de crise no país.
O economista Eduardo Moreira foi um dos especialistas que reagiu com indignação a MP, acusando bancos de influenciarem decisão. “Esta é a maior maldade que eu já vi os bancos fazerem na minha vida, e olha que banco faz maldade”, afirmou em um vídeo divulgado na internet pelo ICL (Instituto Conhecimento Liberta).
Moreira explica que os bancos poderão adiantar o dinheiro a ser recebido pelas famílias e que, assim, poderão receber o auxílio no lugar da pessoa, descontando, então, os altos juros praticados por eles próprios. “As pessoas que estão em situação de miséria e situação de fome ficaram reféns dos bancos, acabando com a real função do auxílio”, disse ele em trecho do vídeo, completando que, no fim, os bancos devem ficar com quase metade de todo dinheiro. Confira:
Além disso, o secretário da CUT, Ariovaldo de Camargo, e a economista e coordenadora do Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese), Patrícia Pelatieri, disseram, também, que manobra é eleitoreira. “A liberação do empréstimo consignado para beneficiários do Auxílio Brasil e BPC é eleitoreira, não resolve crise econômica do país e só beneficia banqueiros”.
“Essas antecipações não são dinheiro novo numa economia devastada como a nossa, são recursos próprios da poupança do trabalhador, seja o aposentado, sejam os mais vulneráveis que recebem benefícios”, criticou Pelatieri.