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Saúde
| Em 12 meses atrás

Especialista explica o que é verdade e o que é mentira sobre consumo de leite e derivados

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Por anos, a sabedoria convencional e as diretrizes de saúde aconselharam a escolha do consumo de leite e derivados com baixo teor de gordura em vez de integrais, visando minimizar a ingestão de gordura saturada e seus potenciais riscos à saúde. No entanto, pesquisas recentes começaram a questionar essa orientação, sugerindo que produtos lácteos integrais podem não ser tão prejudiciais quanto se pensava e podem até oferecer benefícios à saúde.

Quem explica é o médico intensivista e especialista em nutrologia, dr José Israel Sanchez Robles. O especialista lembra que, nos supermercados, é possível encontrar uma variedade de opções de laticínios, desde sem gordura e com pouca gordura até integrais. “Dariush Mozaffarian, cardiologista e professor da Universidade Tufts, questiona as diretrizes dietéticas estabelecidas na década de 1980 sobre o consumo de laticínios. Pesquisas atuais indicam que a escolha de produtos lácteos com baixo teor de gordura em detrimento dos integrais pode não oferecer os benefícios de saúde esperados. Estudos recentes apontam que o tipo específico de produto lácteo consumido pode ser mais relevante para a saúde do que o seu teor de gordura total, sugerindo a necessidade de uma revisão nas recomendações dietéticas atuais”, explica.

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O médico relata que pesquisas que acompanham a saúde de pessoas ao longo do tempo, mostraram associações entre o consumo de leite e derivados e a redução do risco de condições como hipertensão, doenças cardiovasculares e diabetes tipo 2. “Pesquisas recentes indicam que os benefícios do consumo de produtos lácteos são consistentes, independentemente do seu teor de gordura. Estudos observaram vantagens tanto em produtos com baixo teor de gordura quanto em integrais. Curiosamente, apesar de possuírem mais calorias, os produtos lácteos integrais não foram vinculados a um aumento no ganho de peso. Esses achados desafiam as noções tradicionais sobre laticínios e calorias, sugerindo a necessidade de uma abordagem mais matizada na avaliação dos seus impactos na saúde”, continuou.

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Por exemplo, um estudo de 2018 envolvendo 136 mil adultos em 21 países revelou que aqueles que consumiam duas ou mais porções de laticínios por dia tinham significativamente menos probabilidade de desenvolver doenças cardiovasculares ou morrer, independentemente do teor de gordura dos produtos lácteos. Outra análise de 2018, que agregou dados de 16 estudos e mais de 63 mil adultos, encontrou uma associação entre níveis mais altos de gorduras lácteas no sangue e uma redução de 29% no risco de desenvolver diabetes tipo 2.

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“Estudos recentes estão desafiando a visão tradicional sobre as gorduras lácteas, sugerindo que elas podem ter um papel mais neutro ou até benéfico do que se pensava anteriormente. Ronald Krauss, professor na Universidade da Califórnia, San Francisco, aponta que as gorduras saturadas presentes nos laticínios incluem variedades que podem ser favoráveis à saúde. Além disso, a estrutura única da gordura do leite tem potencial para melhorar os níveis de colesterol no sangue, indicando que os produtos lácteos podem ter um papel mais complexo e positivo na dieta do que se acreditava”, pontua José Israel.

Vale lembrar que as pesquisas também sugerem que o consumo de leite e certos tipos de produtos lácteos, como iogurte e queijo, podem ser particularmente benéficos, possivelmente devido aos efeitos positivos dos alimentos fermentados no intestino. 

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“Embora as diretrizes dietéticas atuais ainda recomendem três porções diárias de laticínios, preferencialmente com baixo teor de gordura, especialistas estão reavaliando essa orientação. Agora, sugere-se que a inclusão de produtos lácteos integrais pode ser benéfica para a dieta, desde que consumidos com moderação para controlar a ingestão calórica. Essa mudança reflete um entendimento mais profundo sobre os efeitos das gorduras lácteas na saúde e a necessidade de equilibrar nutrientes e calorias”, diz o especialista.

José Israel lembra que, embora ainda não haja um consenso claro sobre o melhor tipo de produto lácteo para a saúde, “estudos estão mudando a compreensão sobre as gorduras lácteas, indicando que elas podem não ser tão prejudiciais quanto se acreditava anteriormente. Essa nova abordagem sugere que a decisão entre consumir produtos lácteos com baixo teor de gordura ou integrais deve levar em consideração o gosto pessoal e as necessidades nutricionais específicas de cada indivíduo, em vez de seguir uma recomendação única. Essa mudança reflete um entendimento mais matizado sobre o impacto das gorduras lácteas na saúde.”

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Carlos Nathan Sampaio

Jornalista formado pela Universidade Federal e Mato Grosso (UFMT) em 2013, especialista Estratégias de Mídias Digitais pelo Instituto de Pós-Graduação e Graduação de Goiânia - IPOG, pós-graduado em Comunicação Empresarial pelo Senac e especialista em SEO.