Durante a madrugada deste sábado (30), estudantes voltaram a ocupar a Escola Estadual Fernão Dias Paes, em Pinheiros, na zona oeste paulistana. O colégio havia sido um dos primeiros locais tomados pelos jovens durante a mobilização iniciada no fim de 2015 contra a reorganização escolar proposta pelo governo estadual. O prédio ficou sob controle dos secundaristas do dia 10 de novembro até o dia 4 de janeiro deste ano.
O grupo entrou na escola por volta das 2h40 de hoje e pretende permanecer no local por tempo indeterminado. Os estudantes protestam contra a falta de merenda e as denúncias de corrupção nos contratos da alimentação dos alunos da rede estadual. Na tarde da última quinta-feira (28), os secundaristas já haviam ocupado o Centro Paula Souza, autarquia responsável pela administração do ensino técnico no estado.
Os jovens também acusam o governo de São Paulo de ter mantido disfarçadamente o processo de reorganização escolar que foi suspenso após a mobilização do ano passado. “Também tem o fechamento de salas, foram mais de 1,3 mil no estado. Períodos fechados. Aluno que teve de mudar de escola ou de turno. Na [escola] Fernão Dias, dois segundos anos [duas turmas do ensino médio] tiveram que ir para o turno da noite porque não tinha o turno da tarde”, disse a estudante Manuela Day, de 15 anos, ao falar sobre as reivindicações do movimento.
O processo de reorganização que seria implantado pelo governo do estado previa o fechamento de 93 escolas e a transferência de 311 mil alunos para instituições e turnos diferentes. As medidas foram interrompidas após a série de protestos e ocupações.
De manhã, continuavam a chegar mais estudantes para fortalecer a ocupação da escola. Alguns pais e simpatizantes traziam sacolas com alimentos. A expectativa era a de haver uma assembleia para decidir os rumos do movimento. “Agora, tá todo mundo dormindo lá dentro. Estamos com cerca de 80 pessoas. A gente está descansando um pouco para poder conversar, reunir comissões”, disse Manuela, que é aluna da Escola Godofredo Furtado, também na zona oeste.
A Polícia Militar faz ronda constante com viaturas no entorno da escola. Segundo Manuela, durante a madrugada os policiais usaram spray de pimenta para tentar conter a ação dos jovens.
Os estudantes continuam se articulando e, de acordo com Manuela, pode haver novas ocupações em breve. No ano passado, cerca de 200 escolas chegaram a ser tomadas pelos jovens.
Uma força-tarefa da Polícia Civil e do Ministério Público investiga, na Operação Alba Branca, deflagrada no dia 19 de janeiro, um esquema de fraudes na compra de merenda escolar de prefeituras e do governo paulista. Segundo o Grupo de Atuação Especial de Repressão ao Crime Organizado (Gaeco), de Ribeirão Preto, as fraudes na contratação da merenda, entre 2013 e 2015, envolvem 20 municípios. Os contratos sob suspeita chegam a R$ 7 milhões, dos quais R$ 700 mil foram, segundo os promotores, destinados ao pagamento de propina e comissões ilícitas.
Com informações da Agência Brasil