Interlocutores do presidente Michel Temer defendem que o ministro Geddel Vieira Lima (Secretaria de Governo) se afaste, pelo menos temporariamente, do cargo até que a crise envolvendo seu nome, que acabou atingindo seu chefe, seja solucionada.
Na avaliação de assessores presidenciais, a crise atingiu uma posição “delicada” e Geddel deveria pedir o afastamento da Secretaria de Governo para tentar evitar um desgaste ainda maior do presidente da República.
Segundo um interlocutor de Temer, essa deveria ter sido a decisão desde o início da crise envolvendo Geddel, acusado pelo ex-ministro da Cultura Marcelo Calero de pressioná-lo a mudar uma medida que atenderia a seus interesses relacionados a um empreendimento imobiliário na Bahia.
Assessores presidenciais disseram que Geddel decidiu ir para Bahia avaliar com familiares o melhor caminho a adotar.
Em conversas reservadas, o presidente chegou a dizer que não gostaria de demitir seu ministro. Interlocutores afirmam, porém, que essa era a posição dele antes de a crise piorar. Por isso, a saída considerada ideal é que a iniciativa parta do próprio Geddel, afastando-se temporariamente do cargo para fazer a sua defesa no episódio.
Nas palavras de um assessor presidencial, com o agravamento das acusações, Temer deve agora tomar uma medida de caráter moralizador, evitando assim que o caso desgaste ainda mais a imagem do governo federal.
Na avaliação de aliados do presidente, pela relação de amizade com Geddel, Temer demorou para agir no episódio, permitindo que ele ganhasse proporções maiores do tinha inicialmente.
GRAVAÇÕES
A maior preocupação do Palácio do Planalto é com a informação repassada ao governo de que Marcelo Calero gravou conversas com ministros sobre o caso, que atingiu temperatura máxima nesta quinta-feira (24) depois de revelado o depoimento do ex-ministro da Cultura à Polícia Federal.
Segundo informações enviadas ao Planalto, nas gravações há referências ao presidente Temer.
No depoimento, Calero disse que o presidente Temer o pressionou a encontrar uma “saída” para um imóvel embargado pelo Iphan nacional (Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional). No depoimento, o ex-ministro afirmou ainda que o presidente reclamou que ele teria criado “dificuldades operacionais”.
Temer teria pedido ainda a Calero que ele encontrasse junto com a AGU (Advocacia-Geral da União) uma solução para o caso.
O governo se apega a esse encaminhamento em sua defesa. A própria AGU divulgou nota nesta quinta dizendo que foi acionada para discutir o caso e que a procuradora do órgão junto ao Iphan nacional optou pela manutenção da decisão de embargar a construção, num bairro histórico da Bahia.
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