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| Em 3 anos atrás

Epidemiologista vê com estranheza e preocupação sugestão de Bolsonaro em flexibilizar uso de máscara: “Irresponsabilidade”

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A sugestão de flexibilizar a utilização de máscaras feita pelo presidente da República, Jair Bolsonaro (sem partido) não caiu muito bem para especialistas e autoridades sanitárias que trabalham no combate à pandemia que enxergam estranheza e preocupação na proposta. Ao Diário de Goiás, a médica epidemiologista, dra. Cristina Laval destaca que além de promover desinformação a atitude de Bolsonaro chega a ser “irresponsável”.

“A gente vê com estranheza e muita preocupação. No momento atual, da pandemia, com poucas pessoas completamente vacinadas com a circulação de mais de um tipo de variante, é no mínimo uma irresponsabilidade pensar em abrir mão do uso de máscara neste momento”, destaca. 

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Ela explica que apesar da vacina garantir proteção ao agravamento nos casos de Covid-19, ainda não há garantias que a imunização impeça a pessoa de ficar livre da contaminação pela doença. “As vacinas não tem 100% de eficácia na proteção e elas, todas as que estão disponíveis hoje dão proteção para os casos graves, internações e óbitos. Não para a transmissão. Pelo menos ainda não temos uma resposta robusta com relação a esse tipo de proteção [da transmissão]”, crava. 

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Dra. Cristina Laval (Foto: acervo pessoal)

Além de prestar um desserviço, a epidemiologista também cita que Bolsonaro promove desinformação em torno do assunto. “Já existem estudos robustos que mostram a importância da máscara, sobretudo, para impedir a disseminação das gotículas que saem quando a gente fala, tosse, espirra e pode nessas gotículas ter não apenas o vírus Sars-Cov-2 e outros vírus respiratórios. Você está protegendo usando a máscara as pessoas próximas à você e se protegendo de pessoas que possam estar contaminadas e expelindo essas gotículas. É uma proteção dupla. Quem usa máscara protege a si mesmo e o outro.”

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O uso de máscara já consolidado em diversos países do mundo tem sido uma das maneiras efetivas para conter o avanço do coronavírus. Recentemente, novos estudos foram apresentados sugerindo mais eficácia para o uso duplo de máscaras. É que o Centro de Controle e Prevenção de Doenças (CDC), uma agência do Departamento de Saúde dos Estados Unidos, divulgou no último dia 19 de fevereiro um estudo que mostra que a combinação de uma máscara cirurgica aliada à uma de pano mostraram-se bastante eficazes.

Os testes feitos em manequins à exposição de aerossóis potencialmente infecciosos diminuíram cerca de 95% quando ambos estavam com máscaras de pano sobre a máscara cirúrgica bem ajustadas. Os estudos também mostraram que as máscaras cirúrgicas com alças de orelha com nós e laterais dobradas para dentro também são eficazes. Mas não apenas isso: a pesquisa mostrou que usar a máscara de pano de forma bem ajustada no rosto cobrindo nariz e boca pode reduzir o contágio em até 84.3%.

“Com base em experimentos que mediram a eficiência de filtração de várias máscaras de pano e uma máscara de procedimento médico, estimou-se que o melhor ajuste obtido pela combinação desses dois tipos de máscara, especificamente uma máscara de pano sobre uma máscara de procedimento médico, poderia reduzir um usuário exposição em maior que 90%”, diz o estudo que pode ser conferido na íntegra clicando aqui (em inglês).

E em lugares onde já se liberam as pessoas andarem sem máscaras? Israel já atingiu uma cobertura vacinal ideal para a contenção do coronavírus. Os Estados Unidos também cobriu 60% da população com a imunização. “No Brasil hoje, nós temos um quantitativo muito pequeno que já recebeu as duas doses de forma completa que não chega a 15%, é muito pequeno que geraria mais desinformação e complicações para você fiscalizar isso”, conclui a dra. Cristina.

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Domingos Ketelbey

Jornalista e editor do Diário de Goiás. Escreve sobre tudo e também sobre mobilidade urbana, cultura e política. Apaixonado por jornalismo literário, cafés e conversas de botequim.