Entre os que se declaram homossexuais, bissexuais e de outras orientações sexuais que não a heterossexual, Fernando Haddad (PT) lidera com 57% das intenções de voto. Seu adversário, Jair Bolsonaro (PSL), tem 29% no grupo.
Entre eles, o índice de votos nulo ou branco é de 7% (é de 9% entre heterossexuais) e 6% dizem não saber em quem votar -número que é de 5% entre heteros.
Essa é a primeira vez que o Datafolha pergunta a orientação sexual dos entrevistados em uma pesquisa de intenção de voto para presidente.
Dos entrevistados, 86% se declararam heterossexuais, 3%, homossexuais, 2%, bissexuais, 2%, de outras orientações sexuais e 6% dos que responderam à pesquisa não quiseram responder a essa pergunta.
Daqueles que se declararam de orientação não heterossexual, 89% dizem estar totalmente decididos de seu voto e 11% ainda podem mudar.
A rejeição de Bolsonaro, que entre heterossexuais é de 42%, vai a 62% no grupo. Já a de Haddad, que é de 55% entre os heteros, baixa a 31% entre homos, bis e pessoas de outras orientações sexuais.
Em seus mandatos como deputado federal, Bolsonaro se opôs a projetos contra a homofobia e de inclusão, além de ter atacado a comunidade gay em entrevistas. Um dos exemplos é o do projeto Escola contra a Homofobia, que o deputado apelidou de Kit Gay.
O candidato petista foi o mais votado no primeiro turno no grupo. Dos entrevistados gays, 36% dizem ter votado em Haddad no pleito do dia 7, 21% declaram ter votado no capitão reformado, 19%, em Ciro Gomes, 6%, em Geraldo Alckmin, e 7% votaram branco ou nulo.
A diferença de intenção de voto entre homossexuais se torna mais ampla porque Bolsonaro colecionou em sua trajetória política declarações hostis à comunidade LGBT. Em 2011, ele disse em entrevista que seria incapaz de amar um filho homossexual. “Não vou dar uma de hipócrita aqui: prefiro que um filho meu morra num acidente do que apareça com um bigodudo por aí. Para mim ele vai ter morrido mesmo”.
Durante os governos petistas, o então deputado federal se opôs a diversos projetos de inclusão e combate ao preconceito. Apelidou de Kit Gay o programa de combate à homofobia em escolas públicas lançado pelo governo de Dilma Rouseff e passou a utilizar esse apelido na campanha eleitoral de 2018 para atacar seu adversário Fernando Haddad.
Em 2015, protestou contra a realização da Parada Gay no plenário. “Uma pergunta: o que uma criança, talvez de 7 ou 8 anos, faz numa parada gay?”, questionou. “Ao me perguntarem se eu participaria de uma parada gay, eu respondi que não participaria de parada gay para não promover maus costumes e por acreditar em Deus e na família”, afirmou, no mesmo ano.
A pesquisa do Datafolha, contratada pela Folha de S.Paulo e pela TV Globo, entrevistou 9.173 pessoas nos dias 24 e 25 de outubro de 2018, em 341 municípios. A margem de erro no recorte de orientação sexual é de quatro pontos percentuais para mais ou para menos. (Folhapress)
{nomultithumb}