A Polícia Civil de São Paulo encontrou, nesta quarta-feira (20), Margarida Bonetti, pessoas retratada pelo podcast A Mulher da Casa Abandonada, da Folha de S.Paulo. Ação ocorreu por conta de uma operação para cumprir um mandado de busca e apreensão na residência, que faz parte de um inquérito que investiga um possível abandono de incapaz na residência, tendo como vítima Margarida, moradora e protagonista da série da Folha.
Apesar de ser considerada “vítima” nessa ação, vale lembrar que, segundo o podcast de dez episódios sobre o assunto, Margarida é suspeita de ter mantido por quase 20 anos nos Estados Unidos uma empregada doméstica em condição análoga à escravidão. Foi quando o caso ainda estava sendo investigado por autoridades americanas, no final dos anos 1990, que ela deixou o país e, de volta ao Brasil, passou a morar na casa de sua família em Higienópolis, que viria a ser a “casa abandonada”.
A operação da polícia, porém não resultou em nada e apenas atraiu a atenção da multidão. De acordo com as autoridades, a mulher se recusou a abrir a porta da casa, resultando no arrombamento de uma janela. Dentro da residência, Margarida teria oferecido resistência física e tentou agredir os agentes.
Além da resistência de Margarida, os policiais também descreveram que o interior da casa era insalubre e afirmaram que o local estava cheio de lixo, restos de comida e com cheiro forte de coisas estragadas. Um cachorro também foi encontrado e retirado do local, tendo ajuda da apresentadora Luiza Mell, defensora do direito dos animais.
As autoriadades ainda afirmam que operação tem como objetivo proteger Margarida, pois a presença dela dentro da casa, nas condições de higiene encontradas e com a deterioração do imóvel durante a operação, apresentavam riscos. Mesmo assim, ela quis permanecer no imóvel, o que impediu que qualquer ação pudesse retirá-la de lá. Helena Monaco, advogada de Margarida, também teria afirmado que não há nenhum caso de abandono de incapaz, já que sua cliente mora no local há 20 anos.
A investigação policial começou, segundo Folha de S.Paulo, depois que vizinhos do imóvel em Higienópolis (no centro de São Paulo) ligaram para diversas delegacias afirmando que uma pessoa que apresentava problemas de saúde mental estava no local e precisava de ajuda. Apesar disso, um médico atendeu Margarida e afirmou que, apesar de estar com a pressão um pouco alta por conta da situação, ela não apresentado outros tipos de problemas físicos ou mentais.
O podcast, apresentado e escrito por Chico Felitti, autor do livro “Ricardo & Vânia”, que diz ser um “retrato do Brasil” e, segundo a Folha de S.Paulo, é uma reportagem que se baseou em registros de um caso de notório interesse público, procurou ouvir todos os envolvidos e deu espaço às versões dos que se manifestaram. A série não é uma investigação policial nem um processo judicial. A Folha condena qualquer tipo de agressão e perseguição contra as pessoas retratadas.
No último episódio da série A Mulher da Casa Abandona, publicado nesta quarta (20), Margarida se defendeu da acusação de ter mantido a empregada em condições análogas a escravidão. Segundo ela, ambas dividiam a casa na condição de amigas e também afirma que passava a maior parte do ano no Brasil, distante tanto de seu marido como da mulher.