Os ataques de vandalismo continuam assustando moradores de algumas regiões da Grande Natal, no Rio Grande do Norte, no terceiro dia de caos no estado. O governo federal decidiu, inclusive, enviar mais equipes da Força Nacional para a cidade nesta quinta-feira (16), mas durante esta noite os crimes continuaram.
O motivo: reinvindicação e exigências, como aparelhos de televisão e visitas íntimas, para presos do sistema penitenciário estadual. Ou seja, as ordens dos ataques e ações, segundo o próprio governo, partem de dentro da penitenciária de Alcaçuz, por organização de uma facção criminosa.
Os ataques, aliás, têm acontecido desde a madrugada da última terça (14) e envolvem tiros e incêndios em prédios públicos, comércios e veículos na capital do Rio Grande do Norte e outras 19 cidades. Entre os alvos estão um fórum de Justiça, duas bases da Polícia Militar, uma prefeitura e um banco.
Por estes motivos, o ministro da Justiça, Flávio Dino, afirmou que conversou com a governadora do RN, Fátima Bezerra e garantiu a disponibilização de agentes da Força Nacional. Até esta quarta (15), o governo já havia determinado o envio de 220 militares e civis que compõem a força de segurança. Mas, com a continuidade dos ataques, Dino afirmou que poderia enviar mais profissionais da Segurança.
Apesar da situação parecer fora de controle, o governo afirmou que, até o momento, a Polícia Militar prendeu 57 suspeitos. Informações dão conta, também, de que dois suspeitos morreram em confrontos com as forças de segurança, um no Rio Grande do Norte e outro na Paraíba, mas que estava no RN.
Mesmo sendo óbvio que os ataques não justifiquem as reinvindicações, vale lembrar que um relatório do órgão federal de monitoramento Mecanismo Nacional de Prevenção e Combate à Tortura (MNPCT), que será publicado nos próximos dias, mas foi divulgado pelo portal UOL, apontou uma série de violações no sistema penitenciário do Rio Grande do Norte.
De acordo com o documento, os presos do estado sofrem com torturas aplicadas por policiais penais, hiperlotação com quase o dobro da capacidade à época das inspeções e até comida estragada para os reeducandos o que reflete na saúde precária dos mesmos. A primeira vistoria do colegiado ao sistema penitenciário do RN, aliás, ocorreu em 2017, após um massacre que matou 26 presos na penitenciária estadual de Alcaçuz. Apesar disso, com o retorno do MNPCT, foi constatado que a situação, ao invés de melhorar nas prisões do estado, piorou mais ainda.