O custo baixo e a flexibilidade para estudar a qualquer hora e em qualquer lugar faz com que o ensino a distância (EAD) cresça em ritmo mais acelerado que o ensino presencial. Os dados do Censo de Ensino Superior de 2016 confirmam isso e mostram que o ensino presencial teve uma queda anual de 1,2% nas matrículas enquanto o EAD teve uma expansão de 7,2%.
A rotina de Marcio Correia é um pouco corrida. Por conta do seu trabalho que é em ritmo de escala, ele precisa conciliar todas as tarefas do dia a dia com o pouco de tempo livre que encontra. “Sempre quis fazer uma faculdade na área em que já atuo, que é Engenharia de Produção, mas, com o modelo de ensino presencial, realizar esse sonho seria impossível”. Marcio encontrou na internet uma saída e recomenda o ensino EAD para aquelas pessoas que não possuem muita disponibilidade de tempo.
Marcio adaptou a sua rotina e encontrou horários alternativos para investir nos seus estudos. Assim como ele, em 2016, cerca de 1,5 milhões de estudantes optaram pelo ensino EAD em 206 instituições que já ofertavam essa modalidade de ensino. Segundo Betina Von Staa, coordenadora do CensoEAD.BR, estudo realizado anualmente pela Associação Brasileira de Educação a Distância, tudo que é novidade, gera desconfiança. No entanto, mesmo diante desta desconfiança natural, o EAD vem crescendo.
“No Brasil, observa-se que os grandes fatores que atraem alunos para o EAD são a ampla oferta em regiões em que a há pouca possibilidade de realizar cursos presenciais e a flexibilidade de horários que viabiliza que o estudante concilie estudo e trabalho com mais conveniência e melhores resultados. E uma vez atraídos para a modalidade a distância, os alunos tendem a permanecer”, assegurou Betina.
Outro fator que influencia muito na hora da escolha entre uma graduação presencial ou a distância é o custo. Em média, a mensalidade de uma graduação presencial varia de R$1.000 a R$2.000, enquanto uma graduação EAD custa, em média, R$400. Com isso, é possível economizar 60%.
A coordenadora do CensoEAD.BR informou que essa modalidade de ensino, em geral, já foi criada para ser escalável. “É possível oferecer o mesmo curso para muita gente sem que haja um aumento considerável no custo da oferta dos cursos. É claro que as instituições precisam oferecer tutoria personalizada presencial ou a distância para garantir o êxito mas, mesmo assim, com boa gestão, é possível oferecer cursos de qualidade por um custo mais baixo que o presencial”.
Quando estava procurando por uma graduação, a estudante Paloma Assis da Silva levou em consideração o valor que pagaria nas mensalidades do curso. “Faço Administração e já atuo na minha área. Então eu precisava conciliar o estudo com o meu trabalho e de uma mensalidade que coubesse no meu orçamento”, explica. O valor pago por Paloma estudando pela internet é bem menor. “Consigo economizar cerca de R$200 estudando pela modalidade EAD. Invisto este valor em outras necessidades”, contou a estudante.
Paulo Presse, coordenador da área de Estudos de Mercado da Hoper Educação – empresa de consultoria Educacional – também concorda que o preço é algo bastante atrativo. “Os cursos mais caros, normalmente, estão atrelados às ofertas de cursos semipresenciais, onde a carga horária e as características das atividades podem configurar um diferencial competitivo, chegando até a concorrer com os presenciais”, analisou Paulo.
E na hora de ingressar no mercado de trabalho, os contratante valorizam?
Além de permitir um melhor aproveitamento de tempo e ter valores de mensalidades mais acessíveis, os cursos EAD garantem diploma com o mesmo valor de um diploma de curso presencial. Antes de se matricular, é importante levar em conta o conteúdo do curso, a qualificação dos professores, a plataforma utilizada pela instituição, os recursos disponíveis, o suporte, atendimento aos alunos e a opinião de pessoas que já realizaram algum curso da plataforma.
Na opinião de Betina, os contratantes podem até desconfiar do EAD. No entanto, o fato é que os diplomas de conclusão de curso não informam se o curso foi presencial ou a distância. “Na maioria das vezes, alunos de EAD já trabalham e conseguem revelar o seu potencial e seu aumento de conhecimento junto ao seu empregador atual. É muito comum que alunos de EAD sejam promovidos na própria empresa ao terminarem seus cursos ou que conheçam o mercado o suficiente para poder dar um passo na carreira após a conclusão”, considera.
Paulo tem a mesma visão da coordenadora do CensoEAD.BR. “No diploma não consta se a faculdade foi presencial ou a distância. Hoje, também não existem mais nenhuma restrição em relação ao EAD. Isso só pode variar em algumas regiões. Em locais em que o mercado é mais maduro, como no sul e sudeste, quase não existe diferença entre os profissionais”, destaca.
Especialistas defendem que o futuro do ensino é híbrido. Nem 100% online nem apenas sentado em sala de aula ouvindo o professor. Profissionais que trabalham com educação superior a distância acreditam que a mistura de ferramentas tecnológicas com atividades presenciais irá nortear a formação dos estudantes brasileiros nos próximos anos. (Educa Mais)