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Encolhida, Marina desaparece no final e terá que reconstruir futuro e partido

Por 6 anos atrás

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Logo antes de o voo 1795, saído de Rio Branco com destino a Brasília, decolar na tarde de domingo (7), ouve-se uma exclamação entre os passageiros: “o último voo da campanha!”.

O coordenador-geral da terceira tentativa de Marina Silva (Rede) chegar ao Planalto, Lourenço Bustani, corrige rápido o ato falho do colega. “Do primeiro turno, hein”, diz.

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A cena dá o tom dos últimos dias da campanha da ex-senadora e ex-ministra, que começou o primeiro turno em segundo lugar e termina com 1% dos votos. A candidata que chegou a amealhar mais de 20 milhões de votos em 2014 termina 2018 atrás do folclórico Cabo Daciolo (Patriota).

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Apesar da queda, uma declaração de apoio no segundo turno era tabu até o último segundo. Indagada a esse respeito na noite deste domingo, ela afirmou que será oposição a qualquer governo –seja de Jair Bolsonaro (PSL) ou Fernando Haddad (PT).

Mas disse que isso não significa que ficará neutra na disputa. Nenhuma decisão foi tomada a respeito da nova fase da eleição, mas há, pressão de parte da Rede para que ela declare apoio a Haddad.

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“Nós não temos nenhuma identificação com nenhum projeto autoritário”, disse a ex-senadora, em alusão a Bolsonaro. Em seguida, no entanto, afirmou que a democracia é “prejudicada pelas ideias autoritárias quanto pelo uso da corrupção que distorce a vontade dos eleitores” –alusão ao PT.

Se em 2014 Marina terminou a campanha com carreata em São Paulo, neste ano o fim se deu em uma pequena recepção de militantes e familiares no aeroporto de Rio Branco, sua cidade natal, no sábado (6).

Após votar na manhã de domingo na sede do Incra (Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária) em Rio Branco, foi cancelada a caminhada prevista no centro da capital do estado que lhe deu o primeiro lugar com 42% dos votos na eleição passada e onde ela recebia, na conclusão desta edição, menos de 3%.

Ela seguiu para o aeroporto vazio e, ao lado do marido, passou o voo lendo uma grande Bíblia que leva consigo há 30 anos e tirou fotos. Dormiu pouco, mas aparentava cansaço. A candidata acompanhou a apuração de Brasília, onde mora.

Nos bastidores, parte da campanha considera que o primeiro erro foi a decisão de levar a frente uma candidatura presidencial em clima desfavorável e com pouca estrutura partidária. A avaliação é que de não havia espaço, no pleito de 2018, para o centralismo pregado por ela.

Na Rede, houve quem defendesse no início do ano que Marina saísse ao Senado, mas o desejo da ex-ministra prevaleceu. Agora, a direção do partido espera sua criadora.

A opinião de que Marina deve apoiar Haddad contra Bolsonaro não é consenso. A reticência é explicada pelo que apoiadores chamam de trauma de 2014, quando ela sofreu ataques da campanha de Dilma Rousseff (PT) e decidiu apoiar Aécio Neves (PSDB) –parceria que foi constantemente instada a explicar na campanha, após as revelações da Lava Jato sobre Aécio.

Na campanha, avalia-se que seria mais fácil declarar apoio se quem enfrentasse Bolsonaro fosse Ciro Gomes (PDT), já que a candidata passou a campanha criticando o PT.

Além de pensar em seu futuro político, Marina terá que reconstruir a própria Rede.

A sigla apostava na força da candidata para alavancar o voto de legenda. Com Marina encolhida, seu partido não deve passar a cláusula de barreira para o Legislativo federal e terá dificuldade em sobreviver. (Folhapress) 

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