Depois de aprender a consertar celulares assistindo vídeos na internet, o empresário André Reis, 28, começou uma rede de lojas especializada em ajustar aparelhos da Apple.
Chamada Hospital do iPhone, a loja busca imitar um centro médico inclusive na linguagem.
A empresa não troca telas, faz “cirurgias faciais”. Não arruma baterias, faz cirurgia cardíaca. Os técnicos são “doutores” e os novos franqueados “residentes”.
A companhia, sediada em uma galeria na cidade de São Bernardo do Campo (SP), atende de 70 e 100 clientes por dia, diz Reis.
O negócio foi aberto em 2014 e atualmente fatura cerca de R$ 1 milhão ao ano.
Antes de chegar ao conceito, Reis trabalhou por 10 anos como vendedor em lojas de carros. Para ganhar um dinheiro extra, começou a comprar celulares usados com defeito, levá-los a assistências técnicas e, depois de ajustados, revendê-los com algum lucro.
Porém ele via que o atendimento recebido nas lojas tinha qualidade inferior ao esperado.
“Eles podiam até conhecer de aparelhos. Mas, como trabalhava com vendas, eu percebia que o atendimento era seco, frio, às vezes pouco educado. O serviço deixava rebarba de cola, eles tinham bancada zoneada.”
Mas o que o fez decidir aprender a abrir os aparelhos e ajustá-los por conta própria foi perceber a dificuldade de encontrar uma assistência técnica especializada em itens da Apple. Ele conta que chegou a ter celulares que, após passarem pela assistência, voltaram com defeito.
O aprendizado exigiu horas de dedicação por dia e envolvia buscar conteúdo em inglês, língua que Reis ainda não dominava completamente:
“Fui olhar no YouTube como era a montagem e a desmontagem, o que cada peça significava. Depois pesquisava para descobrir onde comprar essas peças. Como ainda não entendia todo o inglês, dependia bastante das imagens”, conta.
Aos poucos o negócio paralelo de Reis foi ganhando corpo e, conforme ele ganhava confiança, deixava as assistências de lado e fazia ele mesmo o ajuste.
A decisão de abrir a loja veio quando, em 2014, ele foi demitido da empresa durante corte de custos promovido pela companhia.
“Quando fui cortado, fiquei na dúvida sobre o que fazer. Ou voltava a ser funcionário ou ia fazer o que realmente gosto. Peguei o dinheiro da rescisão, chamei meu irmão, que tinha um carro velhinho, e convidei ele para abrir o negócio comigo.”
O carro foi vendido e os dois investiram juntos R$ 15 mil. O nome Hospital do iPhone surgiu em conversa com amigos.
“Falei do negócio que iria abrir. Brincaram que ele iria se chamar ‘desmanche do iPhone’. Disse que de jeito nenhum, queria passar algo que remetesse a qualidade, confiança. Dali, pensei no nome, que é um dos nossos diferenciais.”
O nome de fácil assimilação ajuda em uma das principais apostas da empresa, o marketing em redes sociais. A companhia possui quase 50 mil curtidas no Facebook, principal veículo de divulgação, junto com o boca a boca.
O Hospital do iPhone inaugurou neste mês sua primeira franquia, em Barueri (SP). Três novas unidades estão em obras e outras três em negociação.
Apesar de ter tido ajuda do YouTube, Reis conta que seguiu buscando conhecimento para suas cirurgias, participando de cursos do Senai, por exemplo.
Para os novos franqueados, ele diz ter pronto um curso que reúne o que de mais importante aprendeu em suas pesquisas sobre o iPhone. (Folhapress)