Curitiba e Brasília – O empreiteiro Gérson de Mello Almada, preso desde novembro pela Operação Juízo Final, sétima fase da Lava Jato, revelou um novo nome do PT no esquema de propinas em forma de doações eleitorais a partir do esquema de corrupção montado na Petrobras. Em depoimento à Justiça Federal no Paraná, base da Lava Jato, Almada – vice presidente da Engevix Engenharia -, disse que ‘ajustava as doações’ com João Vaccari Neto, tesoureiro do partido. “E antes com Paulo Pereira“, declarou.
Os investigadores da Lava Jato suspeitam que o empreiteiro quis se referir a Paulo Ferreira, que ocupou o cargo de tesoureiro do PT entre 2005 e até 2010, quando, então, Vaccari assumiu a função.
Muito próximo do ex-ministro José Dirceu (Casa Civil), Paulo Ferreira havia substituído, em 2005, Delúbio Soares, que deixou o posto em meio ao escândalo do mensalão – na ação penal 470, Delúbio foi condenado a uma pena de 8 anos e 11 meses de prisão por quadrilha e corrupção ativa.
À Justiça, nesta terça feira, 17, o empreiteiro Gérson Almada disse que sua aproximação com o PT foi feita pelo lobista Milton Pascowitch, apontado como operador de propinas na Diretoria de Serviços da Petrobras, então sob comando de Renato Duque, indicado pelo partido.
Duque foi preso nesta segunda feira, 16, pela Operação Que País é esse, décima fase da Lava Jato.
“Como ele (Pascowitch)tinha um relacionamento com o PT e na diretoria de Serviços, também ele trazia pedidos não vinculados a obras, né, mas vinculados a doações para o partido nas épocas das eleições ou em dificuldades de caixa do partido. Então, nós fizemos, teve um ano que eu doei que não era um ano eleitoral, foram feitas duas doações para o PT“, declarou o empreiteiro.
A reportagem não localizou Paulo Ferreira. A direção do PT refuta com veemência recebimento de propinas. O PT assinala que todas as doações que recebe são declaradas à Justiça eleitoral.
Por seu advogado, o criminalista Luiz Flávio Borges D’Urso, o tesoureiro do PT, João Vaccari Neto, repudia as suspeitas lançadas sobre sua conduta. D’Urso ressalta que as delações que citam o nome de Vaccari “não correspondem à verdade“. O advogado argumenta que em 2010 Vaccari não era tesoureiro do PT.
(Estadão Conteúdo)