O presidente Michel Temer (PMDB) foi recebido com protesto na sua primeira visita ao Rio Grande do Sul desde que assumiu a Presidência, na manhã desta segunda (9).
Cerca de 150 pessoas protestavam contra Temer e o governador José Ivo Sartori (PMDB), do lado de fora do Parque de Exposições Assis Brasil, em Esteio, na região metropolitana de Porto Alegre, e foram afastadas com gás lacrimogêneo pela Brigada Militar (a PM gaúcha).
A rodovia BR-116 chegou a ser bloqueada pelos manifestantes em duas ocasiões e foi liberada em seguida.
Assim como na visita a cidades do Nordeste, em dezembro, o evento gaúcho foi fechado para o público . Além disso, o palco onde Temer discursou foi montado a cerca de um quilômetro de distância do portão de entrada do local.
O presidente foi recebido apenas por convidados oficiais, como os secretários de Sartori e prefeitos beneficiados pela entrega de 61 ambulâncias novas para o Samu.
O governador Sartori, que também foi alvo do protesto, discursou mensagens de incentivo ao presidente. Segundo o Datafolha, 51% dos brasileiros acham a gestão de Temer ruim ou péssima e 63% são favoráveis a sua renúncia. A pesquisa foi feita em dezembro passado, antes de o presidente ser citado 43 vezes em delação da Lava Jato.
Sartori parafraseou o publicitário Nizan Guanaes, conselheiro de Temer: “Quero lhe dizer de coração… [confundindo a citação] nunca se preocupe com a impopularidade. Nós todos temos que fazer o que precisa ser feito nesse momento histórico.”
“Experiência não lhe falta, coragem tens de sobra”, disse Sartori.
O governador gaúcho agradeceu os esforços federais para a renegociação da dívida do Estado com a União. Sartori tem atrasado os salários dos funcionários estaduais há 11 meses consecutivos por causa da crise das contas gaúchas.
Temer também trocou elogios com os ministros presentes: Eliseu Padilha (PMDB), da Casa Civil, Osmar Terra (PMDB), do Desenvolvimento Social, Ronaldo Nogueira (PTB), do Trabalho, Ricardo Barros (PP), da Saúde – os três primeiros gaúchos.
Antes de desembarcar em Esteio, Temer sobrevoou áreas atingidas pelas chuvas no interior do Estado.
Temer destacou a aprovação do teto de gastos públicos e o encaminhamento das reformas da Previdência, trabalho e do ensino médio.
“Outras reformas virão”, prometeu, citando a reforma tributária.
Por volta das 9h30, os manifestantes tentaram entrar no parque e foram impedidos por policias militares, que lançaram gás lacrimogêneo.
O tenente-coronel José Nilo Corrêa disse à reportagem que o gás lacrimogêneo foi usado porque os manifestantes jogaram pedras e usaram cabos de suas bandeiras para empurrar os policiais.
De acordo com o comandante, cerca de cem militares protegiam os arredores do parque desde o início da manhã.
Os manifestantes, a maioria professores estaduais ligado ao Cpers, o sindicato da categoria, são contra o pacote de austeridade de Sartori e Temer.
“O governo é ilegítimo e tenta acabar com os direitos dos trabalhadores. Estou lutando pelo direito de ter direito”, disse o professor Lucas Berton, 33, à reportagem sobre a reforma trabalhista e o congelamento de gastos públicos, propostos por Temer.
Folhapress