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Política
| Em 5 meses atrás

Em nova polêmica, ex-coach goiano Pablo Marçal é chamado de ladrão de banco por Tabata Amaral

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“Nunca fui condenada por fazer parte de uma quadrilha de roubo de banco”, foi uma das respostas da deputada federal Tabata Amaral (PSB), pré-candidata à prefeitura de São Paulo, ao seu opositor, o ex-coach goiano Pablo Marçal (PRTB). Marçal insinuou esta semana que o pai da concorrente morreu sem a assistência dela, quando Tabata estudava nos Estados Unidos.

“Já sobre o pai dela, ela foi para Harvard, e o pai dela acabou morrendo. Governar e ser vítima na mesma pessoa não tem como”, disse ele em entrevista à revista IstoÉ na quarta-feira (3). O pré-candidato comparava a própria história com a da deputada que foi para Harvard como bolsista aos 18 anos, quando citou a morte do pai da parlamentar dando ar de negligência.

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A deputada não deixou por menos. Em vídeo publicado na rede social X (antigo Twitter), Tabata chama Marçal de “sujeitinho”. “Esse é um assunto muito difícil, mas vim esclarecer para nenhum cretino usar a história do meu pai contra mim novamente”, atacou ela.

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Tabata afirmou que cresceu em uma família “muito humilde” e que o pai era seu maior apoiador, porém era sofria de transtorno bipolar que não chegou a ser desenvolvido. Ela completou dizendo que o familiar sofreu com alcoolismo e vício em crack.

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Ela ficou indignada de Marçal ter insinuado que estava ausente quando o pai cometeu suicídio. “No fim, ele estava sofrendo demais. Na mesma semana em que fui aceita em Harvard, ele cometeu suicídio. Foi o momento mais difícil da minha vida. Mas eu estava aqui quando ele morreu, não estava fora. Então, essa baixaria do Pablo Marçal não faz sentido”, retrucou.

Referência à condenação

Depois ela fez referência à condenação do ex-coach. “Com 18 anos, eu estava em um país estranho, estudava o dia inteiro e [trabalhava] à noite como babá para mandar dinheiro para a minha mãe. Pablo Marçal, com essa mesma idade, fazia parte de uma quadrilha de banco. Eu nunca fui condenada por fazer parte de uma quadrilha de roubo de banco. Nunca gastei tempo e dinheiro do Corpo de Bombeiros com a minha irresponsabilidade. Eu nunca fiz um funcionário correr até a morte por parada cardíaca em uma brincadeira sem sentido”, prosseguiu ela.

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Tabata fazia referência também a Bruno da Silva Teixeira. O jovem trabalhava em uma das empresas do coach e morreu aos 26 anos após uma maratona passar de 21km para 42km sem aviso aos participantes a tempo de se prepararem.

A condenação

De acordo com o portal Metrópoles, a acusação de Tabata de que o concorrente é ladrão de bancos é fundamentada em uma condenação que Marçal recebeu por participar de uma quadrilha que desviou dinheiro de instituições financeiras em 2010. Conforme investigação do Ministério Público Federal (MPF), Marçal fazia parte de uma quadrilha que praticava o crime.

O órgão sustentou, à época, que ele era ligado a dois homens acusados de chefiar o grupo envolvido na irregularidade. Seu papel seria captar e-mails a serem infectados com programas invasores e consertar os computadores usados pelos criminosos, conforme o portal Metrópole verificou na investigação a que teve acesso à época.

Entretanto, informou o portal, a pena acabou extinta, em 2018, por prescrição retroativa. O motivo é que se passaram mais anos do que a sentença em trânsito em julgado.

O processo tem como base investigações da Polícia Federal e tem relação com a Operação Pegasus, de 2005. O grupo chegou a ser descrito pela imprensa como “a maior quadrilha de piratas da internet brasileira”.

“Coach messiânico”, Marçal está envolvido em várias polêmicas

Já em 2022, chamado pela imprensa de “coach messiânico”, Marçal foi destaque nacional após conduzir 32 pessoas ao topo do Pico dos Marins, na Serra da Mantiqueira, em São Paulo. O grupo precisou ser resgatado pelo Corpo de Bombeiros. A aventura arriscada foi duramente condenada pelos bombeiros.

Recentemente, Marçal foi investigado por supostamente espalhar mentiras a respeito do atendimento às vítimas das inundações no Rio Grande do Sul prestado pelo Governo Federal.

Em junho, a CNN Brasil revelou também que a Polícia Federal acelera o processo referente a uma operação policial de maio de 2023. A intenção é concluir o relatório antes do início da campanha eleitoral para evitar alegações de atuação política da PF em benefício ou prejuízo de candidatos.

Na época da operação, foram apurados indícios de falsidade ideológica eleitoral, apropriação indébita eleitoral e lavagem de dinheiro durante as eleições do ano anterior por parte de Pablo Marçal. Ele é suspeito de fazer doações milionárias a campanhas eleitorais, valores que depois eram remetidos a empresas das quais era sócio em um processo parecido com lavagem de dinheiro.

Defesa

A reportagem do DG não conseguiu contato com o influenciador. Na época, a assessoria enviou nota para a CNN a respeito da investigação com o seguinte teor:

“Em relação ao caso em questão, reforçamos que trata-se de uma clara perseguição política, cujo desdobramento processual ainda não apresentou avanços substanciais.

É importante salientar que não há registro de ilícitos, uma vez que o Sr. Marçal figurou como o principal financiador de sua própria campanha eleitoral, não havendo qualquer utilização de recursos públicos. Ademais, todo o montante direcionado às empresas das quais o pré-candidato era sócio à época decorreram de contratos de prestação de serviços legalizados e devidamente registrados no Tribunal Regional Eleitoral (TRE).

Vale lembrar também que Pablo Marçal foi o único pré-candidato a crescer significativamente nas pesquisas de intenção de voto, o que reforça o grande interesse que há em denigrir seu nome, trazendo novamente à tona uma investigação cujas acusações não são procedentes e carecem de fundamentação sólida.”

Bolsonarista aparece em quarto nas pesquisas, mas sofre várias investigações

Simpatizante de Jair Bolsonaro (PL), o influenciador goiano entrou na corrida de São Paulo em maio. Na última pesquisa Datafolha, ele apareceu tecnicamente empatado com 7% das intenções de voto, logo atrás de Tabata, com 8%, ambos bem atrás dos dois mais citados, Guilherme Boulos (Psol) e o atual prefeito Ricardo Nunes (MDB).

Mas esta semana, pesquisa realizada pela Exame e 100% Cidades mostrava Guilherme Boulos (Psol) com 24%, o atual prefeito Ricardo Nunes (MDB) com 20%, seguidos de José Luiz Datena (PSDB), com 13%, e Marçal com 12%, enquanto Tabata figurava com 5%.

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Marília Assunção

Jornalista formada pela Universidade Federal de Goiás. Também formada em História pela Universidade Católica de Goiás e pós-graduada em Regulação Econômica de Mercados pela Universidade de Brasília. Repórter de diferentes áreas para os jornais O Popular e Estadão (correspondente). Prêmios de jornalismo: duas edições do Crea/GO, Embratel e Esso em categoria nacional.