Assim como em São Paulo, o presidente da República Jair Bolsonaro participou na manhã deste sábado (10/08) da Marcha para Jesus em Brasília, na Esplanada dos Ministérios, organizada por grupos evangélicos da capital federal. Em seu discurso, ele tratou sobre temas como família e valores cristãos. Disse que respeita todas as religiões mas ressaltou que a maioria brasileira é cristã e disparou contra a suposta ideologia de gênero: “Isso é coisa do capeta”.
Bolsonaro ressaltou que não se trata de discriminação nem preconceito, mas é uma ‘proteção às maiorias’. “Temos um presidente que, além da família e da questão da educação, tem amor ao próximo. Não discriminamos ninguém, não temos preconceito. E deixo bem claro: as leis existem para proteger as maiorias. É única maneira para vivermos em harmonia””, mencionou.
Aos fiéis que participavam do movimento, Bolsonaro disse que não vai ter “conversinha de ideologia de gênero” nas escolas. “O presidente vai respeitar a inocência das crianças em sala de aula. Não existe essa conversinha de ideologia de gênero. Isso é coisa do capeta”.
Desinformação em torno do assunto
O termo “ideologia de gênero” não é utilizada no meio acadêmico e começou a ser disseminada por meio de grupos conservadores. No Brasil, o debate sobre a “ideologia de gênero” se intensificou com a estruturação do Plano Nacional de Educação (PNE), em 2014. Neste caso, a proposta do Ministério da Educação (MEC) era incluir temas relacionados com identidade de gênero e sexualidade nos planos de educação de todo o país.
Apesar dos críticos a pauta acusarem dela servir apenas como doutrinação de crianças, como se houvesse uma ditadura que as obrigasse a mudarem o sexo ou tornarem-se homossexuais e por consequência, desconstruir os conceitos tradicionais de família, os defensores do debate em torno da identidade de gênero alegam que a discussão tem como objetivo o reforço da necessidade de conversas sobre as diferentes identidade de gênero existentes, colaborando com a diminuição do preconceito e promovendo uma sociedade com mais igualdade e respeito pelas diferenças.
Também defendem que a educação de sexualidade não significa a sexualização da criança e sim debates em torno ao assunto. O ponto levantado é o estimulo do debate para que a criança possa se defender por si só. Reportagem da BBC Brasil mostra que em 2016, o sistema de saúde registrou 22,9 mil atendimentos a vítimas de estupro no Brasil. Em mais de 13 mil deles – 57% dos casos – as vítimas tinham entre 0 e 14 anos. Dessas, cerca de 6 mil vítimas tinham menos de 9 anos. As estatísticas são do Sinan, o sistema de informações do Ministério da Saúde, que registra casos de atendimento de diferentes ocorrências médicas desde 2011. É uma espécie de ponta do iceberg do problema.
Liberdade de credo, mas a fé cristã prevalece, afirma o presidente
Bolsonaro ressaltou a liberdade de credo, mas disse que a fé cristã prevalece no Brasil. “Respeitamos todas as religiões e até quem não tem religião, mas a grande maioria do povo brasileiro é cristão”, descreveu.
O presidente também ressaltou que o governo está cumprindo promessas de campanha. E criando um ambiente de maior liberdade econômica que vai reduzir custos para os consumidores. “Estamos facilitando a vida de todos”.
Segundo ele, esse seria o caso da Medida Provisória nº 892, assinada há cinco dias, que desobriga a publicação de balanços das empresas com capital aberto em jornais impressos de grande circulação. Conforme o presidente, a iniciativa vai “ facilitar a vida de todo mundo. Ninguém lê aquele negócio. O mundo progrediu, se aperfeiçoa, se moderniza”.
De acordo com o ato que tem força de lei, as publicações dos balanços “serão feitas nos sítios eletrônicos da Comissão de Valores Mobiliários e da entidade administradora do mercado em que os valores mobiliários da companhia estiverem admitidas à negociação”. Os balanços também deverão ser divulgados no site das próprias empresas.