Numa rara manifestação pública, o ex-presidente republicano George W. Bush, 71, criticou, em um discurso em Nova York nesta quinta (19), o nacionalismo, o protecionismo e a intolerância, no que foi visto como um ataque indireto ao presidente Donald Trump.
“Temos visto o nacionalismo distorcido como nativismo, esquecendo o dinamismo que a imigração sempre trouxe para a América”, disse Bush, em um evento promovido pelo seu instituto, sem citar nenhuma vez o nome de Trump.
O ex-presidente republicano, cujo irmão, Jeb, disputou a candidatura republicana com Trump em 2016, enfatizou o papel importante dos imigrantes e do comércio internacional, dois temas que têm sido tratados de maneira controversa pelo atual presidente.
“Vemos uma queda da confiança no valor do livre mercado e do comércio internacional, esquecendo que o conflito, a instabilidade e a pobreza vêm na sequência do protecionismo. Temos visto o retorno dos sentimentos isolacionistas, esquecendo que a segurança americana é diretamente ameaçada pelo caos e pelo desespero de lugares distantes.”
Segundo Bush, que foi presidente de 2001 a 2009, o “bullying e preconceito na vida pública estabeleceram um tom nacional”, “dando permissão para a crueldade e a intolerância”.
Trump costuma se referir aos seus opositores com apelidos depreciativos, como a “Hillary trapaceira” e o “chorão” Chuck Schumer , líder da minoria democrata no Senado. Até Jeb Bush foi alvo do bullying de Trump durante a campanha, sendo chamado pelo empresário de “energia fraca”.
No discurso, Bush afirmou ainda haver uma queda na confiança das instituições e uma paralisia política. “O descontentamento aprofundou e agravou os conflitos partidários. A intolerância parece estar sendo encorajada. Nossos políticos parecem mais vulneráveis a teorias conspiratórias e invenções claras”, afirmou.
O porta-voz de Bush, Freddy Ford, tentou minimizar a associação das declarações do ex-presidente com Trump. “Os temas sobre os quais o presidente Bush falou hoje são os mesmos sobre os quais que ele tem falado nas últimas duas décadas”, disse.
O próprio Bush, no entanto, quando questionado se achava que sua mensagem seria ouvida na Casa Branca, respondeu: “eu acho que ela vai ser”.
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