Na quinta-feira, 12, o ex-prefeito Iris Rezende Machado, foi homenageado na câmara municipal. o líder do PMDB completa 80 anos no dia 22 e ficou emocionado com a participação das pessoas no evento realizado na camara. Segundo relata o repórter Marcelo Tavares do Tribuna do Planalto, nos bastidores da homenagem aliados aumentavam o pedido para que o ex-prefeito seja candidato a governo em 2014.
A homenagem da Câmara Municipal de Goiânia aos 80 anos do ex-governador Iris Rezende (PMDB), realizada na quinta, 12, foi marcada por discursos que pediram a sua participação no processo eleitoral em 2014. Partidários do PMDB e do PT ressaltaram a importância de Iris na sucessão do ano que vem. Nem mesmo a presença do empresário Júnior Friboi, pré-candidato oficial do PMDB, intimidou correligionários de praticamente convocar Iris Rezende para a batalha eleitoral. O evento até serviu para que líderes e familiares de Iris mandassem recado de que Iris não pensa em abandonar a política, o que foi confirmado pelo próprio peemedebista.
Mesmo num dia em que a chuva castigou Goiânia e dificultou a locomoção pela capital, a sessão em homenagem a Iris Rezende lotou a Câmara de Vereadores e mostrou que o peemedebista atrai lideranças independente de revelar as suas pretensões eleitorais. Além da presença do próprio Friboi, esteve na homenagem o prefeito Maguito Vilela (Aparecida de Goiânia) e os deputados estaduais Daniel Vilela e Bruno Peixoto, apoiadores da candidatura de José Batista Júnior.
Pelo PT, estiveram presentes o deputado estadual e presidente do partido em Goiânia, Luis Cesar Bueno, e o vereador Carlos Soares, autor da proposta de homenagem a Iris Rezende. O prefeito Paulo Garcia (PT) não esteve presente por conta do Congresso Nacional do PT em Brasília, mas mandou como representante a primeira dama Tereza Beiler. Até mesmo parlamentares de oposição compareceram, como os vereadores Anselmo Pereira (PSDB) e Geovani Antônio (PSDB).
Iris-2014
Da parte do grupo de Iris Rezende, não houve nenhuma movimentação para o lançamento de sua pré-candidatura ao governo do Estado, como chegou-se a imaginar. Todos que discursaram na tribuna da Câmara, porém, fizeram um pedido: a participação de Iris na sucessão de 2014. Um dos mais incisivos no discurso foi o vereador Carlos Soares (PT). Ele criticou fortemente o governo de Marconi Perillo (PSDB) e afirmou que não abre mão da experiência de Iris Rezende para discutir 2014.
O vereador disse que Goiás atravessa uma “crise profunda, sem precedentes”, inclusive, segundo ele, com a falência das instituições. “O Estado está atolado em uma gestão sem planejamento, à beira do precipício, é uma gestão desacreditada”, atacou Soares. Ele disse que “já basta” de aventura no Estado e que será preciso coragem para “romper com o que está aí”. Ressaltou que a oposição tem excelentes quadros no PT, no PMDB e partidos aliados, reiterando que para vencer em 2014 é preciso união e trabalho em uma mesma direção. Para isso, Carlos tem convicção de que Iris Rezende, “com sua sabedoria”, irá ajudar a conduzir e consolidar o que define como virada necessária. “Não abro mão da experiência de Iris e, principalmente, de sua capacidade de dialogar e lutar por um futuro para todos. Essa foi a sua marca e continuará sendo. Os goianos precisam do senhor”, afirmou.
Além de praticamente convocar Iris para participar do processo eleitoral, Soares apontou que o ex-governador é um dos únicos nomes para articular a união das oposições. Isso foi praticamente uma resposta às declarações de Friboi ao jornal O Popular, na semana passada. Friboi disse que o PMDB poderia buscar novas parcerias com o DEM e o PSB, caso o PT não apoiasse a sua candidatura ao governo do Estado (leia abaixo). Segundo o vereador, quando se montou a aliança entre as duas agremiações, foi para que ela fosse adiante. “Todos temos bons nomes, mas se não tivermos um diálogo correto, esses nomes podem não estar junto, e isso será um erro que facilitará para que o Estado continue do jeito que está aí, sem comando”, condenou.
Além de Soares, a filha de Iris Rezende, Ana Paula Rezende, também discursou para falar da diferença entre o Iris pai e o Iris politico. “Digo com a alegria de uma filha orgulhosa: em Iris há um político dentro do homem e um homem dentro do político”. Mas ela não ficou só nisso. Em sua fala mostrou que Iris está pronto para novas missões, ao afirmar que seu pai se incomoda tanto com o momento presente que ele jamais “se permitiria acomodar-se”.
O discuso também serviu para mandar alguns recados. Ana Paula disse que Iris não faz política de forma “mesquinha”, com o uso abusivo de recursos para impor desejos. “O dinheiro não pode criar histórias. A história não é feita com cifrões, e sim com ações. Aprendi que o poder não pressupõe dissimulação, frieza, cinismo e manipulação. Do poder se espera a construção do Estado e da vida coletiva, a aproximação, a inclusão e a agregação de iguais e diferentes”, finalizou. Tanto Ana Paula quanto Carlos Soares citaram Iris como “um homem do futuro”.
Até mesmo um discurso que poderia passar despercebido chamou a atenção durante a homenagem. Bem discreta, a primeira dama Tereza Beiler, que representou o marido, prefeito Paulo Garcia, também deixou expresso o seu desejo. Ela, que seguiu um discurso tímido para descrever Iris, tentou ser espontânea e afirmou: “Goiás precisa do senhor”. Logo em seguida, foi bastante aplaudida. Deixou claro que estava ali para mandar essa mensagem.
Presente na cerimônia, a deputado federal Iris de Araújo, mulher de Iris Rezende, não falou com a imprensa, mas na semana retrasada, com a oficialização de Friboi como pré-candidato do PMDB, via rede social, a deputada criticou o ato. Segundo ela, era “pretensioso e perigoso demais” deixar um peso-pesado (Iris) no banco de reservas, quando o adversário (base aliada de Marconi Perillo) ainda esconde o jogo.
Emoção
Iris Rezende ficou claramente emocionado com a homenagem. Disse que o momento iria ficar gravado na sua alma como um dos mais significativos de sua vida, justamente porque foi na Câmara de Vereadores de Goiânia que ele começou sua carreira política há 55 anos. Embora tenha dito que não está em busca de candidatura, afirmou que viverá a política de perto e com toda intensidade até os seus últimos momentos. “Ao receber esta homenagem, com a presença de ilustres figuras políticas, isso só faz agigantar minha responsabilidade com o povo de Goiás e com o Brasil”, ressaltou o decano.
Em seu discurso, também relembrou que em 2010, quando foi derrotado, afirmou que não se sentia frustrado, porque ele, que lutou tanto pela redemocratização, se realiza “a cada eleição que acontece”. Disse também que naquele momento (em 2010) se colocava como conselheiro político do PMDB e até das oposições. “Até o último momento da minha vida estarei vivendo a política com os companheiros, amigos e a sociedade como um todo. Depois de receber tanto do povo, como recebi, abandonar a política ou bancar o ‘gostosão’ é desmentir o meu passado de lutas”.
Em entrevista após o evento, Iris disse que ninguém era capaz de mencionar o que se passava em seu coração. Destacou que, dos 80 anos de vida, 55 foram na vida pública, que lhe reservou grandes emoções. Disse que, apesar dos sobressaltos, momentos de aflição e alegrias, tudo “valeu muito a pena”. Relembrou o que considerou um dos momentos únicos de sua vida, que foi o enfrentamento da ditadura militar, com a luta pelas Diretas Já, uma vez que Goiás foi o primeiro Estado a realizar uma grande manifestação pedindo eleições democráticas no País.
Lideranças do PT se irritam com declaração de Friboi
Durante a homenagem a Iris Rezende, um dos assuntos mais quentes e que foi motivo de questionamento pela imprensa aos líderes presentes do PT e PMDB foi a declaração de Júnior Friboi ao jornal O Popular, na quinta, 12, ameaçando buscar aliança com DEM e PSB, após o Partido dos Trabalhadores praticamente lançar a pré-candidatura do prefeito de Anápolis, Antônio Gomide. “Considero legítima a postulação do PT e não acho impossível de acontecer, embora seja difícil. Mas se o PT lançar chapa própria, abrirá uma grande janela para nós buscarmos aliança com o DEM e PSB e até de apoiarmos em Goiás uma candidatura presidencial de Eduardo Campos”, disse Friboi à publicação. As declarações causaram desconforto nos dois partidos e a reação de petistas, que afirmam não aceitar “chantagens eleitoreiras”. No entanto, membros dos dois partidos declararam que essa é uma posição pessoal do empresário e não do PMDB.
No evento, Friboi tentou amenizar as declarações, mas o discurso não mudou muito. “Não disse que não vamos apoiar, mas que no caso do PT definir por sair em carreira solo, o PMDB buscará convidar outros partidos para participar do projeto”, afirmou o empresário, que destacou que o PT sempre foi e será uma prioridade. “Está nas mãos deles decidirem para qual lado vão caminhar. O PMDB não exclui ninguém, não vamos excluir jamais um partido irmão”, ressaltou o empresário. Ainda conforme o pré-candidato do PMDB, o partido está “de braços abertos” para trabalharem juntos e vencerem as eleições de 2014.
Reações
A declaração de Friboi repercutiu bastante na semana passada. Em nota oficial, o deputado estadual Mauro Rubem (PT) disse não aceitar chantagens eleitoreiras. Afirmou que que o partido não ganhou nenhuma eleição sozinho e que a vitória sempre veio com alianças. “Não vamos ficar reféns de chantagens eleitoreiras, pois política não se faz apenas com dinheiro e não é negócio. Política é muito mais do que isso”, afirmou o parlamentar em contra-ataque.
Quem também falou em chantagem foi o vereador Carlos Soares, ao afirmar que não aceita a declaração de Friboi. Para ele, o empresário se equivocou e suas afirmações são pessoais e não representam a maioria do PMDB. “Não acredito que o PMDB ache que o PT não seja importante na aliança”, frisou. Soares disse que deseja uma parceria com o PMDB, mas que a legenda não vai discutir o processo sobre “pressão, chantagem ou ameaças”. Ainda conforme o parlamentar, a aliança do PMDB e PT é sólida e foi construída e encabeçada por Iris Rezende, nome que pode ajudar a articular a aliança.
Mais ameno em seu discurso, o deputado e presidente do PT de Goiânia, Luis Cesar Bueno, disse não acreditar na possibilidade do PMDB buscar outro caminho, porque a eleição a cada processo fica com uma conotação federativa. Indiciando o diálogo em Brasília, por meio de uma composição para a presidência da República, que é seguida nos Estados. Ainda segundo ele, o projeto do PMDB/PT é muito maior que o interesse setorial localizado. “Aqui em Goiás queremos a unidade da oposição”, frisou.
Mesmo Friboi não assumindo ter se equivocado em sua fala, o presidente regional do PMDB, Samuel Belchior, tentou amenizar a polêmica, afirmando que o empresário não tentou colocar em xeque a aliança. “Temos uma aliança com o PT não só para essa eleição, mas de outras eleições. Não é uma aliança que vamos ver o que vai dar, ela já deu certo. A aliança fortalece ambos os partidos, então, é preciso ter bom senso e prudência”, ressaltou o dirigente afirmando que da parte do PMDB não existe cisão o dificuldade para a união dos dois partidos. (M.T.)