Um bebê de Goiânia, que nasceu com uma síndrome rara no coração, com altos índices de mortalidade no mundo todo, foi o primeiro paciente do Sistema Único de Saúde (SUS) a sobreviver a um procedimento híbrido para cardiopatia congênita grave, em Goiás. O menino chamado Vicente, foi operado com seis dias de vida no Hospital Estadual de Urgências Governador Otávio Lage de Siqueira (Hugol).
Agora, com dois meses de idade, Vicente de Paula Pires Rezende recebeu alta hospitalar, nesta sexta-feira (7). O menino nasceu com Síndrome do Coração Esquerdo Hipoplásico. De acordo com a cirurgiã cardíaca pediátrica que realizou o procedimento, Laura Barboza, a boa recuperação do bebê é uma vitória para todos. “Ainda temos muito pela frente, mas estamos no caminho certo”, disse.
O garotinho nasceu no dia 14 de abril, no Hospital Estadual da Mulher (Hemu), e foi encaminhado às pressas para a cirurgia no Hugol. No dia 20 de abril o procedimento híbrido de urgência foi realizado.
A mãe de Vicente, Fabiane Silveira Pires, conta que a malformação no coração foi descoberta ainda na gestação.”Descobrimos que tinha algo errado com o coraçãozinho dele quando estava com umas 20 semanas de gestação”, disse.
Mesmo tendo nascido abaixo do peso, com 2,8 kg, e apenas 35 semanas e 5 dias de gestação, a recuperação do menino após a cirurgia foi um sucesso. “A recuperação é devagar, mas a equipe foi maravilhosa. Todas as profissionais foram extremamente cuidadosas e carinhosas com meu filho”, destacou a mãe agradecida.
A Síndrome do Coração Esquerdo Hipoplásico é uma condição rara em que o lado esquerdo do coração não se desenvolve e, com isso, o fluxo sanguíneo se torna insuficiente para atender as necessidades do corpo. Segundo a cirurgiã Laura, é uma patologia que acomete cerca de 2 a 3 em cada 10 mil bebês nascidos vivos.
A médica ressaltou que a síndrome é considerada gravíssima, com índice alto de mortalidade. De acordo com ela, o diagnóstico precoce fez toda a diferença para o bom resultado. “O diagnóstico precoce foi essencial para o sucesso do caso. Assim que o Vicente nasceu, já foi encaminhado para o Hugol e a cirurgia realizada o mais rápido possível. Num caso raro como esse, a demora na realização do procedimento pode ser letal para o recém-nascido”, explicou Laura.
A Síndrome rara de Vicente não possui cura. O procedimento realizado é paliativo e, a medida que o bebê crescer, outras cirurgias serão necessárias para garantir melhor qualidade de vida. Agora, o menino aguarda a próxima cirurgia, chamada de Norwood, que será realizada entre os três e seis meses de vida.