O ex-ministro Ciro Gomes esteve em Goiânia na semana passada para uma palestra no encontro da Central dos Sindicatos Brasileiros e concedeu entrevista analisando o cenário politico atual. Ele que colocou o nome a disposição do PDT para ser candidato a presidente em 2018 destacou que é necessário discutir reformas, mas ao mesmo tempo se coloca contra a reforma trabalhista.

Ao comentar as denuncias contra o presidente Temer, Ciro Gomes não poupou criticas. Sobre a disputa de 2018 o ex-ministro afirmou que mantem a intensão de ser candidato a presidente e defende que o ex-presidente Lula não participe da disputa, “Sem o Lula, zera tudo e há um clima para construir uma coisa nova, novas premissas políticas, novas formas de manejar essa contradição do Congresso versus Executivo. Mas com ele, eu vou estar lá dizendo “presta atenção”, “é preciso reformar a estrutura da previdência”, “é preciso consertar as finanças do setor privado”. Ninguém vai prestar atenção, pelo menos no princípio do debate. “ enfatizou

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– Reformas

Precisamos não ter preconceito nenhum de discutir qualquer inovação, qualquer modernização institucional de um país que está em permanente transformação, especialmente no mundo do trabalho. Porém, o que eu me insurjo contra é o eixo central, a oportunidade e a falta de legitimidade. Estamos sob um golpe de estado em que a população saiu da jogada e agora só uma transa de protocratas, de barões jogando um jogo que não pertence a eles. Segundo: a oportunidade é absolutamente hostil, porque temos 14,3 milhões brasileiros desempregados, nove milhões empurrados para a informalidade, se virando para levar alguma coisa para casa e na questão fundamental, do conceito, tem 150 artigos, evidentemente não é tudo que é ruim, mas o centro dela devolve o trabalho, que é o valor social mais relevante do mundo moderno, à mercadoria que ele era no século 19, na medida em que cria uma categoria absolutamente exótica, que não existe em nenhum lugar do mundo, nem na literatura, que é fazer valer o negociado sobre o legislado. Ora, se você tem o mundo do trabalho fragilizado como está pelo desemprego aberto e ter uma fila de pessoas precisando de emprego, como você vai empoderar, neste momento, o empresariado para fazer valer por negociação desigual sobre a legislação, que é a proteção do mais frágil? Isso é o que precisamos pôr na consciência do povo brasileiro.

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– Reforma da Previdência

Para a Previdência Social, com casca e tudo, do jeito que eles propuseram, a estimativa era de que em dez anos nós economizaríamos R$ 600 bilhões, começando com pouco e acabando com muito. É mais um remendo perverso, porque ofende interesses absolutamente frágeis em relação aos privilégios. Todo mundo sabe que 2% dos beneficiários da Previdência leva mais de 1/3 de todo o benefício, os políticos, os magistrados. Só eu teria direito a três pensões vitalícias que me dariam R$ 80 mil. Eu nunca aceitei esse bem. Como em um país em que a mulher do povo tem dupla jornada de trabalho e você vai impor a ela a mesma idade mínimo do homem? Como impor a um professor que dê 49 anos de aula para ter direito à aposentadoria integral? Onde existe isso no mundo? Eu não conheço nenhum país que faça isso. Como impor um policial que está na rua há 49 anos para ter direito a uma aposentadoria integral? Como igualar a idade mínima de um trabalhador rural, de sol a sol, madrugada a dentro, para produzir alimentos para nossa sociedade com um engravatado de trabalho em ar condicionado na cidade? Isso não é razoável.

– Situação Temer

Nós temos um moribundo político que transformou o Palácio do Planalto em uma trincheira de luta pela sua impunidade. Hoje o Brasil, com todos os problemas que tem, todas as energias do Palácio do Planalto, do governo e de sua quadrilha estão dedicadas ao suborno, à conspurcação da vontade popular, ao constrangimento, à chantagem, despudorados. Se fazem isso em público, imagina o que estão fazendo em privado, na clandestinidade, nos porões do Palácio do Jaburu, onde se recebe pessoas sem registro? É uma tragédia o que o Brasil está vivendo. Eu acho que ele escapa por essas chicanas, mas na próxima ele cai.

– Economia

Foram os brasileiros do Centro-Oeste que, mais uma vez carregando o Brasil nas costas, produziram a base para essa manipulação. O Centro-Oeste, basicamente o agronegócio brasileiro, produziu um aumento em relação ao mesmo período do ano passado de 9,2%. Então, você tem que o efeito do agronegócio sobre o conjunto da economia crescendo, independe de governo, porque a estação climática foi boa, porque os preços dos produtos melhoraram de volta no mercado nacional, mas não ao ponto de ser o que era no passado, e isso produz uma estatística que, fazendo a média, dá essas ilusões. Mas basicamente só vamos ver o país sustentando desenvolvimento se olharmos para o consumo das famílias, que está estagnado ou em retrocesso, ou olharmos especialmente para a formação bruta de capital, ou seja, a taxa de investimento, que está parada ou em declínio. Portanto, não há como se falar em crescimento econômico, a não ser as virtudes do fundo do poço. Quando você bate no fundo do poço, repõe estoque, ajusta aqui, qualquer estatística, comparada com a tragédia que foi o ano passado, vai sempre ser melhor. Mas o país está proibido de crescer estruturalmente. O déficit fiscal está aloprando, a taxa de juros do Brasil criminosamente, em uma hora que o mundo está praticando taxa de juros negativa, o Brasil está com a maior taxa de juros real do mundo. Só para transferir renda e quem especula no mercado financeiro. Eu também gostaria, porque o povo precisa do trabalho, do emprego desesperadamente.

– Candidatura

Eu já disse que não tenho vontade de ser [candidato], mas não é propriamente uma renúncia a um direito que eu sequer tenho. Eu já dei a palavra de que meu partido, o PDT, é quem terá a palavra final. Se o PDT entender que eu sou candidato, eu serei candidato com todo o entusiasmo, vou apresentar uma proposta que eu tenho amadurecido há muitos anos, conheço o território, a economia do Brasil, as inteligências do país. Acumulei uma experiência de 38 anos de vida pública limpos. Porque digo que não gostaria de ser? Porque se o Lula entrar, ele destrói completamente o ambiente da discussão do futuro do país. Será uma eleição marcada pelo ódio, pelas paixões, com a questão de Lula ser o salvador da lavoura sem precisar dizer nada nem como, sem sequer fazer uma autocrítica de quem colocou Michel Temer na linha de sucessão, quem empoderou Eduardo Cunha para ir para a presidência da Câmara. Tudo isso foi Lula, e deu no que deu. Estou falando isso para defender o futuro do país. Em uma situação crítica como a nossa, não estamos aguentando mais, mais quatro ou oito anos de guerra, de ódio, de paixões despolitizadas. Isso não é razoável. De maneira que considero que prestarão um desserviço a ele, que não reproduzirá jamais o governo extraordinário que fez por uma circunstância muito específica, e um desserviço especialmente ao país.

– Lula

Sem o Lula, zera tudo e há um clima para construir uma coisa nova, novas premissas políticas, novas formas de manejar essa contradição do Congresso versus Executivo. Mas com ele, eu vou estar lá dizendo “presta atenção”, “é preciso reformar a estrutura da previdência”, “é preciso consertar as finanças do setor privado”. Ninguém vai prestar atenção, pelo menos no princípio do debate.

– Apoio

Não, de jeito nenhum. Eu apoiei Lula em 89; no segundo turno que não aconteceu em 98, mas está apalavrado; apoiei Lula em 2002 quando não fui para o segundo turno e ele foi; retirei minha candidatura em 2006 para apoiar o Lula; em 2010 sofri uma rasteira dentro do meu partido manipulado pelo Lula, ainda assim apoiei a Dilma, fiquei com a Dilma até o fim, o Ceará deu dois terços dos votos contra o impeachment. Então, ninguém vai me confundir. Agora, meu patrão é o Brasil e desta feito o Lula presta um desserviço ao país.

– Haddad

É muito cedo. A gente quer especular sobre o futuro e Haddad é um grande quadro. Eu tenho por ele, mais que respeito, afeição e carinho. Temos nos encontrado para discutir essas alternativas. Somos coautores desse manifesto do professor do projeto Brasil Nação, estamos colocando em pratos limpos os preços da economia que estão errados e queremos consertar, e temos trabalhado muito juntos. Agora, se isso vai ou não virar chapa eu duvido porque a natureza do PT é a natureza do escorpião.

– Interlocutor em Goiás

Eu sou do PDT, mas tenho muitos amigos aqui, inclusive, surpreendentemente para todos, eu sou amigo do governador Marconi Perillo, do prefeito Iris Rezende. Eu transito há muitos anos. Eu fiz a campanha das Diretas Já com o prefeito. Eu conheço Marconi há muitos anos, de vez enquanto nos confraternizamos.

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