Jair Bolsonaro em encontro ontem (19/07) com jornalistas internacionais afirmou que Miriam Leitão, mentiu sobre ter sido torturada durante a ditadura militar. Também alegou que a jornalista contratada pela emissora carioca foi presa por participar na luta na Guerrilha do Araguaia. Segundo o editorial, Bolsonaro mente sobre o assunto: Miriam foi presa, torturada e não participou da luta armada. Militante à época do PCdoB, a jornalista participou de atividades de propaganda e não pegou em armas. No passado, grupos esquerdistas também atacaram a jornalista: “direitista e neoliberal”, a taxavam.

Os jornalistas cobravam um posicionamento do presidente, pois durante uma Feira Literária em Santa Catarina, a jornalista e seu marido, Sérgio Abranches. Após ataques e achincalhamento nas redes sociais por parte de militantes bolsonaristas, a organização do evento, que era independente e nada tinha a ver com partidarismo de esquerda, decidiram cancelar a participação de Miriam e do marido. Por meio de nota, os organizadores do evento que será realizado em Jaraguá do Sul afirmaram que nunca haviam sido atacados pela escolha dos convidados, porém, decidiram pelo cancelamento dos convidados. A cidade foi uma das que mais contou com número de votos proporcionais a Bolsonaro no Brasil, nas eleições em 2018. No segundo turno, o presidente contou com 83,23% dos votos válidos.

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Bolsonaro respondeu os jornalistas dizendo que respeitava a liberdade de imprensa e que todas as críticas deveriam ser aceitas numa democracia. Até ai, tudo bem. Porém, tentou fazer justiça às críticas de seus eleitores: afirmou que Miriam Leitão foi presa quando estava indo para a Guerrilha do Araguaia para tentar impor uma ditadura no Brasil e repetiu duas vezes que Miriam mentiu sobre ter sido torturada e vítima de abuso em instalações militares durante a ditadura militar que governava o país então.

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O editorial lembra que presa aos 19 anos, Miriam estava grávida. Presa pelo 38º Batalhão da Infantaria em Vitória, no Espírito Santo, Miriam denunciou tortura perante a 1ª Auditoria da Aeronáutica, no Rio, enfrentando todos os riscos que isso representava na época. Julgada, a “jornalista foi absolvida de todas as acusações formuladas contra ela pela ditadura”, menciona o posicionamento da emissora.

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A emissora lembra também que a jornalista foi alvo de grupos de esquerda nos governos petistas. “Ofenderam sua honra pessoal e profissional”. Militantes esquerdistas também a chamavam de “direitista e neoliberal”. Por fim, declara que esses insultos que sofre nos dois lados da moeda: seja pela esquerda ou direita, apenas comprovam a postura independente da jornalista e se solidarizou com Miriam: “[Os insultos] apenas demonstram a maior das virtudes de Miriam como profissional: a independência em relação a governos, sejam de esquerda ou de direita ou de qualquer tipo. A Globo aplaude essa independência, pedra de toque do jornalismo profissional, e se solidariza com Miriam Leitão”.

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