São Paulo – “Por que você fez isso? Não sabe o lixo que estou me sentindo.” O jornal O Estado de S. Paulo teve acesso a uma conversa de Facebook entre a estudante de 12 anos, que diz ter sido estuprada por três adolescentes, e um dos adolescentes suspeitos de ter participado do ataque, dentro do banheiro de uma escola estadual, no Jardim Miriam, na zona sul de São Paulo, no dia 12 de maio. Na troca de mensagens e em depoimento à Polícia Civil na terça-feira, 19, o garoto negou participação. No entanto, um outro jovem que disse ter participado afirmou que o estudante ajudou a segurar a menina enquanto ela era atacada.
“Oi, eu sou o moleque que você está acusando. Gostaria de saber só a verdade porque estou muito triste de saber que você está me acusando. Você tem certeza de que fui eu? Na hora em que aconteceu isso eu estava na diretoria e tenho provas”, disse o jovem, em mensagem enviada às 20h31 de segunda-feira, 18, seis dias após a menina ter sido estuprada dentro de uma cabine do banheiro masculino da Escola Estadual Leonor Quadros.
Às 23h26, a vítima responde: “Você tem a cara de pau de falar isso para mim? Não fala comigo, não“. No dia seguinte, o adolescente envia uma nova mensagem às 11h27. “Não, sem maldade. Você está me acusando e eu não estava.” A estudante rebate, dizendo que ele estava dentro do banheiro.
Na mensagem seguinte da adolescente, ela diz que está se sentindo um “lixo“. “Vocês acabaram comigo. Infelizmente, eu nunca mais vou esquecer isso. Não minta para você mesmo.“
O adolescente manda uma última mensagem para a garota. “Tá bom, eu vou fazer os exames e mostrar que não estava. O moleque que te pegou mandou o áudio falando quem estava e, se você estiver mentindo, é pior. Então, por favor fala a verdade porque, se tivesse sido eu, não tinha te ajudado a subir e o diretor sabe que eu estava lá em cima. Então, por favor, fala a verdade. Eu não tenho raiva de você.” A mesma versão foi mantida pelo adolescente em depoimento.
Cerca de 24 horas depois de o processo ter sido entregue na Vara da Infância e da Juvente, a Justiça ainda não pediu a internação dos adolescentes em uma unidade da Fundação Casa. Até o fim da tarde desta quarta-feira, 20, o Ministério Público do Estado não tinha recebido o documento. “Eu acho que essa demora está havendo por causa da omissão da escola, que, se tivesse prestado as medidas cabíveis no momento, esses jovens já estariam internados em flagrante. Deu tempo até de um dos jovens fugir com a família“, afirmou Yasmin Vasques Chehade, que representa a estudante no caso.
A Secretaria de Estado da Educação apura, internamente, a conduta da escola no dia em que a estudante foi atacada.
(Estadão Conteúdo)