Servidores públicos estaduais esperam uma movimentação do governo estadual para retomar as negociações sobre a data-base. Os diálogos foram paralisados no início de dezembro do ano passado para que o estado pudesse se inserir no Regime de Recuperação Fiscal (RRF), mas havia a promessa do governador Ronaldo Caiado que as conversas para pagamento do reajuste se dariam já em janeiro.
No primeiro mês do ano, porém, o governo não chamou o Fórum de Servidores de volta à mesa de negociações. O grupo reúne 34 entidades, cujos representantes se encontram semanalmente para deliberar a respeito desse e outros temas. Por ora, apesar do atraso nas negociações, os servidores não planejam novas manifestações e aguardam o governo.
Porém, segundo o presidente da Associação de Subtenentes e Sargentos de Goiás (Assego), Paulo Sérgio de Souza, toda a mobilização é no intuito de retomar as conversas. ” Até o momento não houve uma manifestação por parte do governo do estado e não conseguimos retomar essas tratativas para poder concluir. Estamos nos mobilizando para tentar uma agenda com o governo para dar andamento a essa pauta”, relata. Ele ressalta que todas as decisões são tomadas em colegiado, no fórum.
Apesar da demora, os servidores creem num desfecho positivo na negociação. Além da promessa de Caiado, as entidades contam com o fator político. “O ano político causa uma sensibilidade maior”, destaca o presidente da Assego.
Vários representantes de sindicatos lembram que, só no atual governo, a defasagem do salário chega a quase 14%. “O salário de um oficial atualmente consegue comprar metade do combustível que ele comprava no início do ano passado, por exemplo”, cita Souza.
No ano passado, o fórum organizou diversas manifestações em frente à Assembleia Legislativa e à Praça Cívica. A recomposição salarial reivindicada por eles é de 26,81%, que leva em conta perdas acumuladas desde 2015.
“A defasagem salarial é maior a cada dia. A defasagem é muito gritante. Nas próximas semanas, acreditamos um alinhamento e acreditamos que o estado não vai deixar de cumprir”, afirma o presidente da Assego.
Os professores tiveram reajuste de 7,2% em 2021, o que atendeu, em certa medida, os pleitos do Sindicato dos Trabalhadores em Educação de Goiás (Sintego). Agora, o foco da entidade é o trabalho para a criação de um novo plano de carreira para os profissionais, especialmente administrativos.
“Nossa estratégia para recuperar esses salários baixos dos administrativos é de construir um novo plano de carreira, com uma nova tabela”, diz a presidente Bia de Lima. Segundo ela, reposição com data-base para trabalhadores com salários já achatados “não faz nem cócegas”.
Lima conta que já se reuniu com a secretária de Educação, Fátima Gavioli, que deu sinal verde à proposta. “Ela compreendeu. Mostrei as injustiças e ela compreendeu”, destacou. O plano ainda está em elaboração e não há detalhes.
Apesar da receptividade da Seduc, o Sintego ainda teme não ser atendido. “Como o estado entrou no Regime de Recuperação Fiscal, meu medo é na hora de levar (a proposta) para o governador”, disse. “O estado pode alegar judicialmente que não tem dinheiro e está amparado pela decisão do Supremo Tribunal Federal”, lembra.
O sindicato também está ao lado dos demais no fórum para trabalhar pela data-base de 2022.