A Associação Médica Brasileira divulgou, nesta segunda-feira (15), uma carta destinada à nação brasileira, com o pedido de conscientização da população para conter o avanço da pandemia da Covid-19 no País. O documento não menciona tratamentos precoces para a doença e afirma que o momento atual é de “emergência em saúde coletiva”, com apelo para que haja vacinação em larga escala, para toda a população.
“Hoje, caminhamos tristemente para contabilizar 300.000 óbitos. Os casos no País já vão para 12 milhões. A progressão exponencial da epidemia evidencia insuficiências na rede de saúde. A realidade é que não há leitos em quantidade necessária para fazer frente à elevação vertiginosa da demanda; os profissionais de saúde, entre os quais, nós, os médicos, chegamos à exaustão, além da perda de várias vidas”, diz um trecho da carta.
A Associação afirma que o vírus está em ascensão e a situação tende a piorar, caso medidas coletivas não sejam tomadas. “É nosso mais grave momento dessa emergência em saúde coletiva. A Covid-19 se mantém em ascensão e todos os números e carências tendem a piorar, se não houver uma resposta firme e coordenada. O Brasil requer união de suas inteligências, da soma de conhecimentos científicos, de estratégias unificadas e ação imediata. Não pode prevalecer a máxima do cada um por si”, explica o documento.
Escrita um ano após o registro da primeira morte no Brasil pela Covid-19, a carta faz um apelo à população, para que cumpra as regras de distanciamento e proteção, e ao Governo Federal, para que haja vacinas para imunizar a população. “Nosso diagnóstico é de que apenas a obediência às regras de proteção – como o distanciamento social e o uso correto de máscara -, as iniciativas contínuas de testagem e rastreio de contactantes, juntamente com a vacinação em larga escala, são capazes de oferecer melhor prognóstico à população brasileira”, pontua.
“Vacinas já. Essa é a ideia que deve unir e reunir todos os brasileiros, em um só coro, de mãos dadas. Juntos, precisamos trabalhar urgentemente pela revisão de caminhos e prioridades”, diz o documento, com a ressalva de que o Brasil precisa, hoje, de certezas. “Não podemos viver de estimativas que não encontrem respaldo na realidade. Precisamos saber exatamente quantas doses de vacinas teremos e quando efetivamente elas serão disponibilizadas para a população. Um vai e vem de informações desencontradas, uma dança de números de eventuais lotes de vacinas que deverão chegar e depois não chegam só leva ao descrédito das autoridades de saúde e a desalento na população. Soluções concretas, e não promessas vazias, é o que precisamos. E já!”, completa.
A associação comunica, ainda, a criação do Comitê Extraordinário de Monitoramento Covid-19 (CEM COVID_AMB), composto pelas 27 federadas estaduais, e pelo conjunto das suas 54 sociedades de especialidades do País, que funcionará em regime permanente, enquanto durar a crise, com um núcleo executivo formado por médicos com legítima autoridade no campo da prevenção e da atenção aos pacientes acometidos pela doença, com o monitoramento “permanentemente a pandemia em todo o território nacional e as ações dos órgãos responsáveis pela saúde pública, com o intuito de consolidar informações e, a partir de cenários atualizados, transmitir orientações periódicas de conduta para cuidados e prevenção aos cidadãos e aos profissionais da Medicina”.
Por fim, é destacado na carta que “o momento torna necessárias comunicações recorrentes com esclarecimentos e orientações à saúde, por mais simples que pareçam. São elas a vacina, o combate às fake news e a conscientização individual e coletiva para as medidas gerais de prevenção”.
“Nós, os médicos, estaremos sempre disponíveis para ajudar; e ajudaremos. Mas não trazemos a solução; hoje não a temos. A solução para a Covid não está nas mãos de mais de meio milhão de médicos do Brasil. Será resultado das atitudes responsáveis e solidárias de cada um dos cidadãos do País e das autoridades públicas responsáveis por implantar as medidas efetivas que se fazem necessárias para mitigar a enorme dor e sofrimento da população brasileira”, completa.