O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva planeja passar seu aniversário, na sexta-feira (27), ao lado do empresário Josué Gomes.
A escolha da Coteminas, em Montes Claros (MG), como palco da comemoração de seus 72 anos não traduz apenas um afago no filho de José de Alencar (1931-2011), seu vice e fundador da têxtil agora presidida por Josué.
Em nova caravana, desta vez pelo Estado de Minas Gerais, Lula pretende reerguer uma ponte com o empresariado e avançar com alianças para além de sua base.
Com duração de oito dias e um roteiro de 12 cidades, a viagem tem início nesta segunda-feira (23), com ato político em Ipatinga (MG) em defesa da soberania nacional. A cidade de tradição operária, que é um dos berços do PT, servirá de palco para discurso sobre a questão trabalhista e críticas ao governo Michel Temer (PMDB).
Para petistas, Josué é o “vice dos sonhos”. A ideia é reeditar a aliança de 2002, que levou Lula e Alencar ao Planalto. Josué, porém, é filiado ao PMDB, partido pelo qual concorreu ao Senado em 2014, e teria que trocar de sigla.
Além de Josué, outra ponte com o setor é o empresário Walfrido dos Mares Guia, acionista do conglomerado de educação Kroton.
Mares Guia e Lula construíram relação de amizade desde 2003, quando o empresário ocupou o Ministério do Turismo. Por mais de 15 vezes, ele emprestou seu avião Cessna Citation CJ3 ao petista.
A caravana também tem o objetivo de atrair reitores de universidades federais, com quem Lula tem um encontro em Diamantina (MG), e partidos da base do governador Fernando Pimentel (PT).
O próprio PMDB dá sustentação ao governo Pimentel em Minas, embora o presidente do partido no Estado, o vice-governador Antônio Andrade, defenda o fim da aliança. O presidente da Assembleia, deputado estadual Adalclever Lopes (PMDB), deve participar da abertura da caravana em Ipatinga, cidade de sua região. Outros deputados estaduais do PMDB também estarão presentes na viagem.
Pimentel, que é candidato à reeleição e favorito nas pesquisas, estará com Lula no início e no fim do roteiro. A caravana termina no dia 30, em Belo Horizonte.
A dobradinha petista servirá de ensaio para os palanques em 2018. Márcio Macedo, vice-presidente nacional do PT e coordenador da caravana, nega que se trate de campanha fora de época. “Isso é uma tentativa de desqualificar a caravana. Lula já fez isso nas décadas de 1970, 1980, 1990 e enquanto foi presidente”, diz.
Lula e Pimentel, porém, têm a candidatura ameaçada por questões judiciais. Pimentel foi denunciado três vezes no âmbito da Operação Acrônimo por corrupção, lavagem de dinheiro e tráfico de influência quando esteve à frente do Ministério de Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior.
Diferentemente de Lula, o governador de Minas não tem nenhuma condenação.
A aceitação das denúncias ainda deve ser analisada pela Corte Especial do STJ (Superior Tribunal de Justiça).
O deputado estadual Rogério Correia (PT) diz que eventuais manifestações contrárias à caravana “não são uma preocupação” e serão insignificantes diante da multidão que ele espera que acompanhe o ex-presidente.
O roteiro inclui o legado do ex-presidente, como a ponte de Itinga (MG), no Vale do Jequitinhonha, inaugurada por ele em 2004 e que chegou a ser chamada de ponte “Presidente Lula” -mas o petista pediu alteração do nome.
Lula também passará por Governador Valadares (MG), cidade na Bacia do Rio Doce que teve o fornecimento de água temporariamente interrompido após o rompimento da barragem de Fundão, operada pela mineradora Samarco. A tragédia completa dois anos no próximo dia 5. (Folhapress)