O governador Ronaldo Caiado (União Brasil) apostou nos ex-candidatos ao Senado, Lissauer Vieira (PSD) e Luiz do Carmo (PSC) para coordenar sua campanha eleitoral. O ex-prefeito de Aparecida, Gustavo Mendanha (Patriota) encontrou uma solução caseira e designou o seu candidato a vice, Heuler Cruvinel, para dar as cartas em seu comitê. Já Wolmir Amado, do PT, deu a missão a Sérgio Dias (PT), ex-vereador de Goiânia. Vitor Hugo (PL) ainda não definiu quem será a pessoa que terá a tarefa.
Mas o que faz um coordenador da campanha, na prática? Trata-se de uma das funções mais importantes, de acordo com especialistas em política. “Via de regra, é uma pessoa que administra a burocracia da campanha. Os fluxos e a logística da campanha. A rodagem do material da campanha, as estratégias e os planejamentos no que tange a articulação política da campanha”, resume a cientista política, Ludmilla Rosa ao Diário de Goiás.
O especialista em marketing político e estrategista eleitoral Marcos Marinho tem uma avaliação parecida. “Uma campanha eleitoral ela funciona como empresa, que tem dia para abrir e dia para fechar e o resultado que importa é a vitória do candidato. Essa empresa trabalha como se fosse uma empresa normal: tem um departamento financeiro, administrativo, RH, marketing e comunicação”, explica ao DG.
Em outras palavras, é o coordenador que dará a tranquilidade para que o candidato concentre-se apenas em pedir o voto na rua. “Como o período é muito curto, toda a demanda de trabalho é muito avolumada. A gestão de pessoal com cabo eleitoral, financeiro, contador, jurídico, pessoal de mobilização, comunicação, tem agência, produtora. O papel do coordenador é administrar essa empresa. No organograma, essa pessoa estará abaixo do candidato e vai coordenar todas as coordenadorias. O candidato tem que estar focado em pedir voto e ir pra rua”, explica Marinho.
Não é exagero dizer que comparando uma campanha eleitoral a uma empresa, o coordenador geral seja uma espécie de “CEO do candidato”. “O coordenador de campanha, o ideal mesmo e é o que muitas campanhas competitivas buscam: é que seja uma pessoa que consiga unir uma boa capacidade de gestão. Ele é o diretor-executivo da campanha. Ele de ter uma boa capacidade de delegação de funções e de cobranças dessas tarefas que são segmentadas”, pontua Rosa.
O perfil do coordenador
Se a função do coordenador é de extrema importância, qual o perfil que o candidato deve buscar quando estiver diante do período eleitoral? Marcos explica que o profissional deve ser completo e entender muito além de política. “Coordenador tem de ser uma pessoa de muita sagacidade. Ele tem de ser bom nas relações humanas porque ele tem de agregar. O ambiente de campanha é tenso, acontecem brigas, guerras de ego, todo mundo quer ser importante”, explica.
“Deve ser uma pessoa com conhecimento da dinâmica da campanha e que saiba como funciona cada departamento: Como o marketing opera? Como se dá com o financeiro? Como é a gestão do pessoal? Ele tem de ter essa visão mais macro do processo eleitoral. Não dá para ser um novato ou uma pessoa sem experiência em campanha. Ele tem de ser legitimado pelo grupo e que as pessoas possam respeitar na estrutura”, pontua. “A ponto de se precisar, chegar no próprio candidato e dar conselhos e até ‘puxões de orelha’ se for preciso”, complementa.
Ludmilla dá outros elementos do perfil necessário para o coordenador. “Ele tem uma boa capacidade de delegação de funções e de cobranças dessas tarefas que são segmentadas. Abaixo de um coordenador geral, vocÊ tem coordenadores e coordenadoras-setoriais e todos prestam contas das suas atividades para o geral que vai ter uma visão ampla, indicadores de como a campanha tá fluindo e evoluindo, não só no planejamento, mas perante a opinião pública, mobilização de pessoas”, pontua.
Ela por fim elenca duas principais características do perfil do coordenador. “É uma função extraordinariamente importante. Uma campanha sem um bom coordenador, que seja visionária e articulada politicamente, é uma campanha com muita chance de não ter sucesso”, destaca Rosa.
“Sem um bom coordenador, o candidato pode pagar caro, inclusive colocando a perder toda a campanha”, crava Marinho. “Até se faz uma campanha sem um marketeiro, mas não se faz sem um coordenador”, ressalta Rosa.
E o que faz o marketeiro?
É claro que uma boa campanha política se faz da “venda da imagem” do candidato. Por um período de 45 dias, o homem ou mulher que quer um cargo público, torna-se um “produto” para ser vendido. O preço? O voto no dia da eleição. E para desenvolver essa imagem e como o candidato vai se posicionar, está a figura do marqueteiro.
“O marqueteiro tem a função de pegar um cidadão comum ou já político e transformá-lo num produto muito vendável no processo eleitoral. Naquele momento, nesses quarenta e cinco dias esse insumo tem de ser valiosíssimo perante a opinião pública. Quem consegue mexer nesse valor agregado é um bom marketeiro. Que vai trabalhar a imagem, que vai trabalhar a identidade visual, as falas, a segmentação de conteúdo, o que falar para determinada região. É uma pessoa que vai modular o candidato para que ele seja palatável e assimilável diante da opinião pública”, explica Rosa.
Apesar de ser uma das funções mais importantes da campanha, ele não está ao mesmo nível do coordenador de campanha. “De alguma maneira, ele responde ao coordenador de campanha e ele pega a articulação e gestão política do coordenador para fazer sua estratégia de “venda” do candidato ou candidata”, complementa Ludmilla.
Estrategista em marketing político há 12 anos, Marinho explica outras demandas da função. “O profissional de marketing dentro da coordenação de marketing. Ele vai pensar nas estratégias, como ele vai apresentar o candidato, como vai ser o posicionamento online, as ações que vão ser realizadas. Ele vai cuidar da parte de estética e estratégia da campanha. Desde ensinar o colaborador a pedir voto até organizar um comício e comitê”, ressalta.
“O profissional de marketing tem uma função estratégica nas ações da campanha para a rua. O marqueteiro não é o cara que vai ficar preocupado com a logística de tudo, senão ele não pensa na campanha. Ele não consegue avaliar os concorrentes se a campanha indo bem ou não. Cada campanha tem que ter os departamentos bem estabelecidos”, complementa.