Sem apoio majoritário de seu próprio partido para disputar a presidência da Câmara, Rogério Rosso (PSD-DF) diz não se sentir abandonado pelo presidente da sigla, o ministro Gilberto Kassab (Ciência, Tecnologia e Inovações e Comunicações).
Segundo Rosso, no entanto, é preciso “desprendimento” para evitar um racha na base governista.
Derrotado por Rodrigo Maia (DEM-RJ) na eleição em julho, Rosso critica a candidatura do atual presidente, mas não descarta deixar a disputa de 2 de fevereiro -que tem ainda como candidatos Jovair Arantes (PTB-GO) e André Figueiredo (PDT-CE).
Pergunta – O ministro Kassab fala em discutir a viabilidade da sua candidatura. O senhor se sente abandonado?
Rogério Rosso – Não. O Kassab é o líder maior do partido, meu amigo. Junto com a bancada, no final do ano passado, lançou nossa candidatura. Toda candidatura, para se viabilizar, precisa de um tempo de trabalho e de apoiamento. É o que tenho feito.
Quando o sr. vai decidir se levará a candidatura até o fim?
Essa eleição é muito atípica porque a candidatura do presidente [Rodrigo] Maia à reeleição esbarra num conflito constitucional grave [em razão de ser uma reeleição dentro da mesma legislatura]. Com muito respeito ao Maia, não enxergo espaço para reeleição na Constituição. Isso gera insegurança jurídica. Esta eleição está sendo caracterizada por isso.
Qual o timing para decidir se leva a candidatura adiante?
Precisamos ter desprendimento para evitar um racha na base. Uma avaliação de candidatura deve ser feita de forma permanente. Temos vários dias pela frente. Ainda tem muita água para passar debaixo da ponte.
Como avalia a participação de três ministros do governo Temer em almoço de campanha do Maia no Recife?
Tenho certeza que, se eu fizesse um encontro e os ministros fossem do Estado, como foi quando foi feito o encontro [com Maia], eles iriam. E o presidente Maia, antes de mais nada, ainda é o presidente da Câmara.
Seu partido integra o centrão, grupo criado em torno de Eduardo Cunha. É uma sombra na sua candidatura?
Não. O PSD nunca foi do centrão, eu não votei no presidente Eduardo Cunha, o PSD não ficou na coligação dele. Minha manifestação de voto no processo de cassação [de Cunha] foi favorável. Estou tranquilo em relação a isso.
O sr. era criticado porque ia a reuniões da ex-presidente Dilma e de Cunha. Havia uma incoerência?
O presidente da Câmara é uma figura institucional. Ser líder de um partido da base do governo também tem sua atribuição institucional. São momentos absolutamente normais do ponto de vista da relação política.
Quais projetos serão prioridade na sua eventual gestão?
A Câmara precisa retomar seu protagonismo e se reaproximar da sociedade. Então, além da pauta econômica de [reformas da] Previdência, trabalhista, fiscal, uma ampla reforma política é fundamental. A modernização do código de mineração, da lei de licitações, da legislação para melhoria da competitividade brasileira, o estatuto do desarmamento. Está na hora ou não de o brasileiro poder se defender com armas de fogo?
Qual a sua opinião sobre armas?
Com controle rigoroso, acompanhamento e pré-requisitos importantes, sou favorável. Com regras claras de acesso, testes médicos e psicológicos, limitadores de número de armas e munição. O bandido está armado contra o cidadão desarmado e este desequilíbrio gera o que está sendo gerado, a maior taxa de homicídios por 100 mil habitantes do planeta Terra.
O sr. defende o texto da reforma previdenciária?
Se fosse a plenário hoje como foi encaminhado, não seria aprovado. [Precisariam ser mudadas] regras de transição, excepcionalidades… Quem sabe se em vez de idade [mínima] de 65 e 60 anos, a gente coloca menor, 60 e 58, vinculado à evolução da expectativa de vida do brasileiro?
O sr. colocará em votação o projeto de anistia ao caixa 2?
Não terá a mínima possibilidade. Sempre fui contrário.
O sr. vai garantir tramitação célere a projetos de cassação?
Não existe tramitação célere nem tramitação lenta. Existe a tramitação regimental. O regimento vai ser cumprido.
Folhapress