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Categorias: Brasil
| Em 8 anos atrás

‘É melhor alguém condenado do que ninguém’, diz Moro sobre delações

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O juiz federal Sergio Moro foi uma das estrelas de um painel sobre combate à corrupção nas Conferências do Estoril, evento que reúne especialistas de diversas partes do mundo nesta semana em Portugal.

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Os aspectos éticos da delação premiada, uma vez que o mecanismo acaba beneficiando criminosos confessos, entraram no debate. Moro fez uma longa defesa desses acordos.

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“É melhor você ter um esquema de corrupção descoberto e algumas pessoas punidas do que ter esse esquema de corrupção oculto pra sempre. É melhor ter alguém condenado do que ninguém condenado”, avaliou.

Para Moro, as delações foram extremamente importantes para o avanço da Lava Jato.

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CRIME ORGANIZADO

O magistrado brasileiro comparou a corrupção ao crime organizado.

“Esse processo do Brasil foi extremamente importante para a expansão das investigações. A utilização desse instrumento também leva também a uma quebra de confiança dentro desses grupos criminosos. Acaba tendo um efeito disruptivo.”

“A corrupção sistêmica é tão grave quanto o crime organizado. E aquelas ferramentas que muitas vezes são tidas como essenciais contra o crime organizado, também se fazem necessárias no enfrentamento da chamada corrupção sistêmica”, disse Moro.

O juiz curitibano, responsável pela Lava Jato em primeira instância, disse ainda que a corrupção prejudica e economia e também a democracia, uma vez que afeta a confiança que a população tem nos governantes.

“Se as pessoas entendem que a prática de crimes, que a trapaça, passa a ser uma regra de comportamento, isso afeta significativamente a confiança que as pessoas têm no sistema democrático. Esse é o principal aspecto negativo da corrupção sistêmica. Por isso é necessário, urgente e prioritário enfrentar a corrupção em todas as suas formas, mas especialmente essa dita corrupção sistêmica”, enfatizou.

Aplaudido de pé no momento de sua chegada, Sérgio Moro dividiu o palco com outros famosos do mundo jurídico: Antonio di Pietro, que foi procurador da Mãos Limpas, operação italiana de combate à corrupção e que é muitas vezes comparada à Lava Jato, e Carlos Alexandre, juiz da operação Marquês, que investiga desvios entre políticos e autoridades em Portugal.

Antes da palestra do trio, a segurança do local foi reforçada e o auditório esvaziado para uma varredura em busca de bombas e armas.

FUTURO

Apesar de reconhecer a magnitude do esquema de corrupção descoberto, Moro afirmou que o Brasil está avançando.

“O Brasil está dando passos sérios e firmes no enfrentamento da corrupção sistêmica e não há nenhuma vergonha nesse tipo de ação”, disse o magistrado.

Moro se disse confiante com o futuro pós-Lava Jato.

“Então embora se tenha muitas vezes uma visão negativa sobre esses casos que estão sendo descobertos no Brasil, peço que vejam esses casos em outra perspectiva. Eu acredito que, apesar de todas essas turbulências, ao final do processo nós teremos um país melhor, com uma economia mais forte e com uma democracia de melhor qualidade, no qual a corrupção sistêmica passe a ser apenas uma triste memória do passado.”

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