SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – Jô Soares se desentendeu com entrevistados de seu programa na noite desta segunda (10). O apresentador recebeu a socióloga Esther Solano e os jornalistas Bruno Paes Manso e Willian Novaes, autores do livro “Mascarados: A verdadeira história dos adeptos da tática black bloc”.
No início da conversa, Jô perguntou a Esther por que ela havia se dedicado a um tema “tão tenebroso” e associou a prática black bloc à violência nazista.Desconfortável, ela disse que não se tratava de um assunto “tão tenebroso assim” e que não havia encontrado, durante a pesquisa, nenhum integrante com discurso fascista.
O apresentador afirmou ter visto black blocs usando camisas estampadas com suásticas, símbolo do nazismo alemão. Esther falou que certamente se travava de uma minoria. “Por um [indivíduo] você não pode intitular o resto, né? Um não é massa.
“Jô voltou a mencionar a agressividade dos atos e disse em tom irônico: “Mas você tirou de letra, né? Levou bomba, gás, foi almoçar com eles…”, em referência à maneira como Esther conduziu o estudo para o livro.”É, porque pesquisa é assim. Também pesquisei e fiquei um tempo com pessoas que pediam intervenção militar na Paulista [durante os protestos contra a ex-presidente Dilma Rousseff]”, respondeu.
“Eu vi manifestações apenas de destruição. Estou te falando porque minha posição política é totalmente anárquica, faço crítica a todos eles. Você está falando de 70 jovens no Brasil, mas é um movimento mundial. Imagine a força que a TV dá para esse movimento”, opinou Jô.Os outros autores pouco participaram da discussão. “A ideia do trabalho é dar voz a quem está por trás das máscaras”, afirmou Esther.
Ela explicou a visão dos manifestantes com quem conversou: “Cometemos violência contra bancos para mostrar que o sistema é violento. Não sou eu que sou vândalo porque estou jogando pedra, o Banco do Brasil que é por suas taxas de juros. Não adianta fazer isso nas quebradas porque jornalistas não vão até lá”.
Irritado, Jô mencionou o caso do cinegrafista Santiago Andrade, morto em fevereiro de 2014 após ser atingido por um rojão enquanto cobria manifestações no Rio. “E o jornalista que morreu com essa violência? Tudo bem?”
Os convidados disseram que “claro que não estava tudo bem” e seguiram o debate. O clima esquentou ainda mais quando a pesquisadora falou que a comparação que Jô estava fazendo não era honesta. “Você comparar black blocs com a violência nazista me parece que não é honesto. Em um estamos falando de violência contra objetos, em outro, de um extermínio [de judeus]. Acho que não é equilibrado.
“A entrevista seguiu em clima tenso, com o apresentador pedindo para não ser interrompido por um dos jornalistas.