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Categorias: Brasil
| Em 8 anos atrás

Dono do Emiliano era companhia de Teori para fugir da pressão de Brasília

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Companheiros de viagem rumo a dias de descanso em uma paradisíaca propriedade em Paraty, Teori Zavascki, 68, e Carlos Alberto Filgueiras, 69, o anfitrião e dono da aeronave acidentada, eram dois amigos improváveis.

“Self-made man”, o empresário à frente do Grupo Emiliano de hotéis é descrito como uma figura leve, festeira, exuberante, que apreciava sem moderação as boas coisas da vida. Gostava de música, charutos e mulheres bonitas e jovens.

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Já o ministro do STF, era um tipo pouco sociável, formal e de temperamento mais germânico, que virou hóspede frequente do hotel Emiliano, nos Jardins, quando vivia um drama familiar.

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Durante um ano acompanhou o tratamento de câncer da mulher que amava, tendo escolhido o hotel pela proximidade com o Hospital Sírio-Libanês

Ao ficar viúvo em 2013, Teori continuou próximo ao empresário do ramo de hotelaria, que se destacou no ramo pela excelência no atendimento em um nicho de altíssimo luxo. Sempre que queria fugir de Brasília e das pressões de ser o relator da Lava Jato no Supremo, o ministro buscava a companhia de Filgueiras, com quem podia falar de vinho, de arte.

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Vítimas do acidente

Até mesmo em razão de hábitos e interesses tão diferentes, o ministro se sentia protegido nesse universo ao redor do dono do Emiliano. Era tratado sem a formalidade e os salamaleques da Corte, mas com todo o conforto e as regalias do “bon vivant” da hotelaria.

“Uma tragédia os uniu e outra os levou”, resume um amigo. Teori e Filgueiras estavam com duas acompanhantes no avião, que transportava quatro passageiros no momento do acidente, além do piloto. A assessoria do Grupo Emiliano diz não saber ao certo quem estava a bordo nem confirma que a mulher já resgatada seria uma massoterapeuta contratada pelo dono do hotel para atendê-lo durante os dias de descanso. “O Hangar tem que saber os nomes e informar.” A jovem teria viajado na companhia da mãe, condição imposta para aceitar o serviço e se deslocar até Paraty.

AVENTURA EMPRESARIAL

Antes de criar um hotel icônico como o Emiliano, Filgueiras trabalhou em Serra Pelada, foi dono de madeireira e atuou no mercado de incorporação de imóveis. Fez fortuna e alimentou um espírito aventureiro até resolver entrar para o ramo de hotelaria depois de um fracasso.

Transformou o prédio de apartamentos de dois quartos na valorizada região dos Jardins, que havia encalhado nas vendas, em um hotel de luxo. Deu o nome de Emiliano, o mesmo de um dos quatro filhos. É pai também de Gustavo que, nos últimos cinco anos, vinha preparando para assumir os negócios na sua ausência.

Paraty era o seu paraíso privado, de onde mandava vir peixe fresco diariamente para o restaurante do hotel e recebia os amigos. “Carlos Alberto foi uma das pessoas mais espetaculares e generosas que conheci na vida. Nunca vi ninguém com senso estético e de beleza tão apurado. Sabia ver o belo e reproduzir”, define o consultor Mario Rosa, um dos clientes habitués do Emiliano de São Paulo, onde é recebido com mordomias extras, como a de deixar suas roupas no hotel e ao retornar ao hotel ser recebido com o quarto remontado como se não tivesse se ausentado.

Filgueiras morava em um apartamento no prédio ao lado do hotel e ali também mantinha outros dois imóveis nos quais hospedava os clientes fiéis do Emiliano, em caso de algum deles chegar e não haver quartos disponíveis. Ao mesmo tempo que era simples e informal no trato, ele buscava a sofisticação em detalhes.

Como foi o acidente

Em um golpe de sorte, Filgueiras comprou um painel de Burle Marx por R$ 20 mil, de um antigo funcionário do paisagista e artista plástico. Uniu mais uma vez seu senso de beleza, pragmatismo e oportunidade para fazer do mural a peça principal do saguão principal do recém-inaugurado Emiliano do Rio de Janeiro. O mural inspirou toda a arquitetura do novo hotel que leva a assinatura de Arthur Casas.

“Carlos Alberto sempre foi a nossa fonte de inspiração e foi o responsável pela criação e por nos ensinar o estilo de atendimento único e detalhado e de serviço especial que sempre vai ser a marca da nossa cultura”, definiu Paula Simonsen, a relações públicas do grupo, em sua página do Facebook. “A sua forma de atender vai continuar sempre viva no Emiliano e em todos nós.”

(Folhapress)

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