Sorte, competência e superação seguem lado a lado com a Dinamarca na Eurocopa. Disputando a competição abalada com o mau súbito do astro Eriksen na estreia, a seleção nórdica entrou em campo neste sábado também sem o segundo goleador, Poulsen, machucado. O desfalque de peso diante do País de Gales não foi sentido por causa da boa apresentação de seu substituto. Dolberg ganhou a primeira chance como titular e foi o nome da classificação às quartas de final, marcando os dois primeiros gols da goleada por 4 a 0 em Amsterdã.
Depois de se garantir no mata-mata da Eurocopa apenas na última rodada da fase de grupos, a Dinamarca comemora os 29 anos da conquista de 1982 com vaga entre as oito melhores seleções do continente. Aguarda a vencedora do duelo entre Holanda e República Checa, que se enfrentam neste domingo.
Depois de leves sustos no começo do jogo na Arena Johan Cruyff, em Amsterdã, a Dinamarca conseguiu se impor, na maior parte do confronto e, mesmo administrando uma boa vantagem no segundo tempo, ainda buscou a goleada nos minutos finais para avançar, merecidamente. Foi o 11° confronto com os galeses e a sétima vitória.
Antes de a bola rolar, as homenagens a Eriksen seguiram. Além da bandeira gigante simulando sua camiseta que a Uefa estica no gramado, País de Gales fez questão de prestar solidariedade pela recuperação plena do meia rival. No lugar de flâmula, a seleção deu uma camisa 10 autografada pelo elenco com um desejo de melhoras. O capitão Bale entregou o presente para Kjaer.
Pela primeira vez a Dinamarca entraria em campo na Eurocopa longe de Copenhague. Mesmo assim, sua fanática torcida ainda era grande maioria nas arquibancadas de Amsterdã. Com forte apoio, queria tomar a iniciativa diante de País de Gales. Mas não foi o que ocorreu na Arena Johan Cruiff.
Os galeses queriam um gol rápido e partiram para cima. Com grande volume ofensivo, tiveram boas chances para abrir o marcador, uma com o ídolo Bale. Aos poucos, a Dinamarca foi equilibrando o confronto.
E, não demorou muito, assumiu as ações. Jogador “da casa”, pois defende o Ajax, Dolberg se destacava em sua primeira oportunidade como titular. O substituto de Poulsen, machucado, levava perigo nas jogadas ofensivas e não demorou, tirou o zero do placar. Após bela troca de passes, o jovem de 23 anos bateu forte, no canto direito do goleiro.
O gol foi muito sentido pelo País de Gales. A seleção se perdeu em campo e era bombardeada. Atrás, não conseguia mais atacar e sofria enorme pressão. A torcida dinamarquesa gritava “olé” antes mesmo do intervalo, apesar da vantagem mínima.
O descanso serviria para País de Gales colocar a cabeça no lugar A ordem era se reorganizar após queda brusca de rendimento. Logo de cara, porém, novo golpe duro. Braithwaite arrancou e cruzou, a zaga afastou mal e a bola caiu novamente nos pés de Dolberg, que não desperdiçou: 2 a 0.
No dia em que comemorava 29 anos da conquista do título da Eurocopa de 1992, a Dinamarca lembrava os bons tempos em que encantava o planeta com belo futebol. Soberana na partida, envolvia completamente uma desorientada seleção de Gales.
Dolberg deixou o campo aos 24 minutos do segundo tempo, bastante cansado e aplaudido de pé pelo dia mágico na Eurocopa. Do banco de reservas presenciou um adversário apelando para cruzamentos à área sem sucesso e ainda viu sua seleção transformar a vitória em goleada com gols de Maehle e Braithwaite nos minutos finais. Depois de 23 anos, a Dinamarca voltou a ganhar um duelo de mata-mata em competições oficiais. Desde os 4 a 1 sobre a Nigéria na Copa da França que ela sempre ficava pelo caminho.
(Conteúdo Estadão)