O dólar acompanhou o exterior nesta segunda-feira (7) e voltou a R$ 3,55 em meio à ameaça do presidente americano, Donald Trump, de deixar o acordo nuclear com o Irã, o que aumentou a aversão a risco nos mercados internacionais. A Bolsa caiu pressionada pela forte desvalorização da Eletrobras.
O dólar comercial fechou em alta de 0,82%, para R$ 3,553. É o maior nível desde 2 de junho de 2016, quando terminou a R$ 3,588. O dólar à vista, que fecha mais cedo, se valorizou 0,79%, para R$ 3,546.
O Ibovespa, índice das ações mais negociadas, teve queda de 0,49%, para 82.714 pontos. O volume negociado no dia foi de R$ 9,1 bilhões -a média diária do ano está em R$ 11,1 bilhões.
A piora no humor ocorreu após o americano Donald Trump dizer, no Twitter, que vai anunciar nesta terça (8) a decisão sobre sua permanência no acordo nuclear com o Irã.
O pacto foi acertado entre Irã, EUA, Rússia, Reino Unido, França, China e Alemanha em 2015 com o objetivo de interromper o programa nuclear do Irã, que recebeu em troca alívio das sanções econômicas impostas ao país pela comunidade internacional.
Nesta segunda, Trump ameaçou deixar o acordo, e condicionou a permanência dos EUA no pacto a que os signatários europeus consertem o que ele chamou de falhas.
Em resposta, Alemanha e França prometeram manter o acordo mesmo se os EUA abandonaram o pacto. O ministro de Relações Exteriores alemão disse que o mundo ficaria menos seguro sem o pacto com Teerã.
Já o chanceler francês afirmou que França, Reino Unido e Alemanha vão manter o acordo nuclear de 2015 com o Irã independentemente da decisão que for tomada pelos Estados Unidos, considerando essa a melhor forma de evitar a proliferação nuclear.
Como resposta ao aumento da preocupação, o dólar ganhou força ante 24 das 31 principais moedas.
Já petróleo teve alta nesta sessão. O barril do Brent, negociado em Londres, subiu 0,88%, para US$ 75,53. O WTI, dos Estados Unidos, registrou avanço de 0,40%, para US$ 70.
“Essas declarações do Trump impactam o dólar, e, em dia de agenda fraca, acabam movimentando o mercado”, diz Vitor Suzaki, analista da Lerosa Investimentos.
Nesta segunda, o Banco Central vendeu pelo terceiro dia a oferta integral de 8.900 contratos de swaps cambiais tradicionais (equivalentes à venda de dólares no mercado futuro). Até agora, o BC já rolou US$ 1,335 bilhão dos US$ 5,650 bilhões que vencem em junho.
O CDS (credit default swap, espécie de termômetro de risco-país) se valorizou 2,5%, para 190 pontos.
No mercado de juros futuros, os contratos mais negociados tiveram resultados mistos. O DI para julho deste ano ficou estável em 6,245%. O DI para janeiro de 2019 teve alta de 6,275% para 6,310%.
Das 67 ações do Ibovespa, 15 subiram e 52 caíram.
O índice estreou nova carteira nesta segunda, com a mineradora Vale desbancando o Itaú Unibanco com o papel de maior peso no Ibovespa.
As ações da Eletrobras despencaram nesta sessão após divergências dentro da diretoria da Aneel (agência reguladora do setor elétrico) envolvendo a privatização da estatal. A origem da disputa é um ofício assinado pelo diretor-geral do órgão, Romeu Rufino, apontando que a medida provisória 814, em tramitação no Congresso, poderá trazer encargos adicionais à conta de luz ao consumidor.
Os papéis ordinários da Estatal caíram 9,15%, e os preferenciais recuaram 8,07%.
“Cada vez mais estamos menos otimistas com relação ao processo de privatização da Eletrobras. Temos pressão dos governadores do Nordeste e a base do governo está dividida. Mesmo esse tema encontra resistência na base”, avalia Rafael Passos, analista da Guide Investimentos. (Folhapress)