O dólar subiu mais de 1% ante o real nesta quarta-feira (23) e encerrou o pregão na casa dos R$ 3,39, seguindo o comportamento da moeda americana no exterior.
A cautela dominou os negócios na véspera de feriado de Ação de Graças nos EUA. Também contribuiu para o movimento a ata da última reunião do Fed (Federal Reserve, o banco central dos EUA), que reforçou as apostas de alta dos juros americanos em dezembro.
O encontro do Fed, que manteve as taxas de juros inalteradas, ocorreu no início deste mês, antes da eleição do republicano Donald Trump para a presidência dos EUA.
Conforme a ata, os membros do Fomc (Comitê Federal de Mercado Aberto) do Fed indicaram que a economia americana estava se fortalecendo o suficiente para justificar uma elevação dos juros “em breve”.
Outro fator que levou ao fortalecimento do dólar foram as encomendas de bens duráveis nos EUA em outubro, que vieram bem acima das expectativas de analistas. O indicador avançou 4,8%, ante projeções de alta de 1,7%.
Também contribuiu para a valorização da moeda americana foi o fato de que, diferente do que vinha ocorrendo nos últimos meses, o Banco Central não fez nenhuma atuação no câmbio nesta sessão.
A autoridade monetária terminou nesta terça-feira (22) a rolagem de todos os contratos de swap cambial tradicional, equivalente à venda futura de dólares, que vencem em 1º de dezembro.
Na semana passada, com os temores relacionados à eleição de Trump, o BC também ofertou novos contratos de swap cambial tradicional para conter a forte valorização do dólar, que chegou a ficar acima de R$ 3,44.
A moeda americana à vista, referência no mercado financeiro, fechou em alta de 1,01%, a R$ 3,3933, e o dólar comercial, usado em transações de comércio exterior, avançou 1,07%, a R$ 3,3930.
No mercado de juros futuros, as taxas chegaram a subir, acompanhando o movimento do dólar, mas fecharam próximas à estabilidade.
O contrato de DI para janeiro de 2017 caiu de 13,658% para 13,645%; o contrato de DI para janeiro de 2018 ficou estável em 12,140%; e o contrato de DI para janeiro de 2021 subiu de 11,820% para 11,830%.
O IPCA-15, prévia da inflação oficial, subiu 0,26% em novembro, informou o IBGE nesta quarta-feira (23). O indicador ficou levemente abaixo da mediana das expectativas de analistas consultados pela Bloomberg (0,28%). Também foi o menor percentual para meses de novembro desde 2007, quando avançou 0,23%.
O indicador confirmou a percepção do mercado de corte da taxa básica de juros (Selic) na semana que vem, quando o Copom (Comitê de Política Monetária) do Banco Central se reúne.
“Nós mantemos nossa expectativa de um corte de 0,25 p.p. na Selic semana que vem. A inflação continua desacelerando a bom ritmo, com câmbio [dólar] se mantendo próximo de R$ 3,40”, escrevem analistas do Banco Fator.
Após operar em baixa por praticamente toda a sessão, o Ibovespa terminou em leve alta de 0,05%, aos 61.985,91 pontos. O giro financeiro foi de R$ 7 bilhões.
Apoiados pela alta do minério de ferro na China, os papéis PNA da Vale ganharam 1,28% e os ON, +1,44%. Entre as siderúrgicas, Metalúrgica Gerdau PN avançou 7,97%; Usiminas PNA, +7,60%; CSN ON, +6,67%.
As ações preferenciais da Petrobras caíram 0,50% e as ordinárias subiram 0,62%.
No setor financeiro, Itaú Unibanco PN caiu 0,92%; Bradesco PN, +0,43%; Bradesco ON, +0,65%; Banco do Brasil ON, -0,45%; e Santander unit, -1,79%.
Em Nova York, o indice S&P 500 caía 0,05%; o Dow Jones subia 0,22%, renovando a máxima histórica de pontuação (19.065 pontos), e o Nasdaq, -0,29%.
Folhapress