O dólar fechou julho com a primeira queda mensal ante o real desde janeiro, conforme a guerra comercial entre Estados Unidos e seus parceiros deu algum alívio aos mercados e investidores se animaram com notícias no cenário político brasileiro.
Após subir 4,07% em junho, o dólar comercial iniciou o mês cotado a R$ 3,912, mas encerrou a R$ 3,755, numa queda de cerca de 3,5%. Em janeiro, havia recuado 4,04%. No ano, porém, a moeda ainda acumula alta de 15%.
Com ambiente de menor aversão a risco, o Ibovespa, índice que reúne as ações mais negociadas da Bolsa, avançou 8,9% em julho, a 79.220,43 pontos, mas não conseguiu fechar no patamar de 80 mil, que era uma meta desejada pelos investidores.
“O mês combinou o centrão apoiando o candidato do PSDB [Geraldo Alckmin] à Presidência, figura tida pelo mercado como mais reformista, com uma resposta dos países de forma global ao protecionismo dos Estados Unidos, após o país anunciar mais taxas a importações. Isso também ajuda para um movimento de desvalorização do dólar”, explica Fernanda Consorte, estrategista de câmbio do Banco Ourinvest.
Ela relembra que no mês foi firmado um pacto de livre-comércio entre União Europeia e Japão, e os próprios EUA se reuniram com a UE e anunciaram um acordo para iniciar negociações rumo a um ambiente comercial com “zero tarifa”.
Nesta terça, o dólar subiu 0,67%, acompanhando movimento global de valorização da divisa -avançou sobre 24 das 31 principais moedas do mundo- e também em dia de formação da Ptax, uma taxa calculada pelo Banco Central e que serve de referência para diversos contratos. No dia de seu fechamento, investidores forçam as negociações para impor a taxa que lhe é mais interessante.
O mercado aguarda ainda com cautela a definição de taxas de juros nos Estados Unidos e no Brasil, que acontecem nesta quarta-feira (1º).
A expectativa é que o Federal Reserve (banco central dos EUA) mantenha a taxa americana na banda entre 1,75% e 2%. Mas investidores estão mais de olho no comunicado emitido após a reunião, em busca de pistas sobre futuros aumentos -o mercado espera por mais dois, em setembro e dezembro.
Taxas de juros elevadas na maior economia do mundo atraem para os EUA um fluxo de capital alocado em outras praças, como no Brasil.
Também nesta quarta, o Copom (Comitê de Política Monetária) anuncia sua decisão para a Selic (taxa básica de juros do Brasil). A expectativa é que ela seja mantida em 6,5%.
Internamente, pesquisa de intenção de votos divulgada pelo instituto Paraná Pesquisas e que mostrava o candidato à presidência Ciro Gomes (PDT) à frente do pré-candidato do PSDB, Geraldo Alckmin, contribuía para ampliar um pouco a alta do dólar ante o real nesta sessão. O tucano é visto pelo mercado como um político mais comprometido com ajustes fiscais. (Folhapress)