O dólar subiu para R$ 3,42 e fechou no maior patamar desde dezembro de 2016 em meio a incertezas envolvendo votação, no STF, de pedidos de liminares que podem barrar prisões em 2ª instância e dúvidas sobre o cenário eleitoral.
A Bolsa brasileira acompanhou o mau humor e recuou, descolada do exterior.
O dólar comercial subiu 1,57%, para R$ 3,421. É o maior valor desde 5 de dezembro de 2016, quando encerrou a R$ 3,43. O dólar à vista, que fecha mais cedo, avançou 1,24%, para R$ 3,408.
O Ibovespa, que reúne as ações mais negociadas, recuou 1,78%, para R$ 83.307 pontos.
A piora na percepção de risco do Brasil foi motivada por fatores internos ligados à política. De um lado, os investidores avaliaram a notícia de que o ministro do STF (Supremo Tribunal Federal) Marco Aurélio pretende levar a votação do plenário, composto pelos 11 ministros da corte, um pedido de liminar que visa suspender prisões de condenados em segunda instância.
A sessão foi marcada para esta quarta-feira (11).
Por outro, a dúvida sobre o papel que o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva vai desempenhar nas eleições aumenta a preocupação do mercado com a corrida à Presidência. Além da incógnita sobre para quem o petista vai transferir seus votos, há ainda o esboço de uma pulverização que, em última instância, dificulta a ida de um candidato reformista ao segundo turno.
“O mercado atribui o fator de incerteza relacionada ao judiciário, porque vislumbra a possibilidade de uma reversão da prisão do Lula”, diz Carlos Soares, analista-chefe da Magliano Invest. “Por outro lado, avaliam os nomes que vão ganhar força e a capacidade de esses nomes terem condições de tocar as reformas e equalizar as finanças públicas”, complementa.
A grande preocupação do mercado, continua, é com a eleição de um governo que dê encaminhamento ao déficit público.
“E a única solução para suprir isso é a aprovação das reformas. Uma posição heterodoxa tenderia a piorar a situação em que a gente se encontra hoje. Então eles avaliam a capacidade de os candidatos conseguirem conduzir uma agenda reformista”, ressalta.
Pedro Guilherme Lima, da Ativa Investimentos, a dúvida sobre quem serão os candidatos pesou tanto no dólar quanto na Bolsa nesta sessão. “Temos como cenário-base o Jairo Bolsonaro como candidato e indo ao segundo turno. As pesquisas antes indicaram Lula e o Bolsonaro, e agora, com Lula inelegível, não se sabe.” (Folhapress)