O dólar recuou para R$ 3,15 nesta terça-feira (18), acompanhando o enfraquecimento da moeda americana no exterior após revés do presidente americano, Donald Trump, em seu projeto de reformar o sistema de saúde dos Estados Unidos. A Bolsa fechou o dia em terreno levemente positivo.
O dólar comercial encerrou o dia com desvalorização de 0,75%, para R$ 3,158. O dólar à vista teve queda de 0,70%, para R$ 3,157. Foi o terceiro pregão de queda da moeda americana.
O enfraquecimento da moeda americana se deu ante as principais divisas globais: o dólar perdeu força para 28 das 31 moedas mais importantes do mundo.
A depreciação ocorreu após Trump enfrentar dissidências dentro do próprio partido Republicano para aprovar a proposta de lei que substituiria o sistema de saúde criado pelo ex-presidente dos EUA Barack Obama.
Com a perda do apoio de dois senadores republicanos, o projeto não tem possibilidade de ser aprovado, já que o governo passa a ter 48 votos no Senado, abaixo dos 50 necessários.
“O revés mostra que o governo americano não tem uma força tão grande e que outras reformas podem não passar. Com isso, os juros americanos não devem subir da maneira que se estava prevendo”, afirma Felipe Pellegrini, gerente de tesouraria do banco Confidence.
Com recesso parlamentar no Brasil e na ausência de novas turbulências políticas no país, o real deve seguir se fortalecendo em relação ao dólar. “A gente pode esperar o dólar procurando patamares mais baixos, mas não podemos descartar que uma notícia muito forte na economia americana tenha um efeito contrário e leve a uma busca por mais proteção e a uma corrida por ativos mais seguros”, diz.
Carlos Pedroso, economista sênior do Mitsubishi UFJ Financial Group no Brasil, tem avaliação parecida. “Dados fracos da economia americana e as dificuldades do Trump podem fazer o Fed [banco central americano] manter a cautela no aumento da taxa de juros. Notícias da China também dão suporte aos preços de commodities, sustentando exportadores de matérias-primas”, afirma.
Segundo ele, a oferta pública inicial de ações do Carrefour Brasil pode trazer um fluxo estrangeiro, contribuindo para a queda do dólar em relação ao real.
O Banco Central deu sequência às atuações no mercado cambial e vendeu 8.300 contratos de swaps cambiais (equivalentes à venda de dólares no mercado futuro) com vencimento em agosto.
A autoridade monetária já rolou US$ 2,905 bilhões dos US$ 6,181 bilhões que vencem no próximo mês.
O CDS (Credit Default Swap, espécie de seguro contra calote) recuou pelo oitavo dia. A queda nesta terça foi de 0,44%, para 221,5 pontos.
O Ibovespa, índice que reúne as ações mais negociadas do mercado brasileiro, fechou em alta de 0,19%, para 65.337 pontos. O giro financeiro foi de R$ 5,896 bilhões, abaixo da média diária do ano (R$ 8,12 bilhões). Esse volume menor é influenciado pelo período de férias nos Estados Unidos, que costuma diminuir as negociações nos principais mercados mundiais.
As ações da Petrobras subiram, acompanhando o aumento dos preços do petróleo no exterior. A alta foi provocada pela queda das exportações sauditas e pela forte demanda pela matéria-prima, que absorveu parte do que é visto como um mercado com excesso de oferta.
A decisão do Equador de deixar um acordo de redução de oferta diminuiu a alta da commodity, provocando preocupações no acordo liderado pela Opep (Organização dos Países Exportadores de Petróleo).
As ações mais negociadas da Petrobras subiram 0,39%, para R$ 12,94. Os papéis que dão direito a voto avançaram 1,12%, para R$ 13,60.
A valorização de 3% dos preços do minério de ferro impulsionou as ações da mineradora Vale. Os papéis preferenciais da empresa tiveram alta de 0,18%, para R$ 27,97. As ações ordinárias avançaram 0,61%, para R$ 29,90.
No setor financeiro, os papéis do Itaú Unibanco fecharam em alta de 0,11%. As ações preferenciais do Bradesco subiram 1,25%, e as ordinárias avançaram 1,21%.
As ações do Banco do Brasil tiveram leve alta de 0,07%, e as units -conjunto de ações- do Santander Brasil se valorizaram 0,97%. (Folhapress)