O dólar recuou ante o real nesta quarta-feira (16), reagindo à atuação mais agressiva do Banco Central para conter a volatilidade no câmbio.
A moeda americana à vista caiu 0,38%, para R$ 3,4216, depois de ter subido quase 9% em quatro sessões por causa das incertezas em relação ao presidente eleito dos EUA, Donald Trump.
A autoridade monetária leiloou pela manhã 10 mil novos contratos de swap cambial tradicional, equivalente à venda futura de dólares, no montante de US$ 500 milhões. Além disso, rolou 20 mil contratos do mesmo tipo que vencem em 1 de dezembro, no valor total de US$ 1 bilhão.
Para Cleber Alessie, operador de câmbio da corretora H.Commcor, o dólar também se ajustou à volta do feriado da Proclamação da República desta terça-feira (15), quando o petróleo subiu quase 6% no mercado internacional.
O forte avanço da commodity beneficiou moedas de países emergentes, como o Brasil.
“Mas o viés do dólar continua sendo de alta, com os investidores esperando uma elevação mais rápida dos juros nos EUA durante a futura gestão de Donald Trump”, afirma Alessie.
Investidores especulam que Trump cortará impostos e aumentará os gastos públicos para aquecer a economia americana, o que aceleraria a inflação. Desta forma, os juros teriam que aumentar para conter a pressão inflacionária.
Além disso, aumentou para 94% a probabilidade de uma elevação dos juros pelo Fed (Federal reserve, o banco central americano) na reunião de dezembro, segundo levantamento da Bloomberg. Há uma semana, o percentual era de 82%.
No exterior, a moeda americana subiu frente à maior parte das moedas neste pregão.
No mercado de juros futuros, as taxas também recuaram, acompanhando o movimento do dólar e reagindo à ação do Tesouro Nacional, que suspendeu os leilões de venda de LTN e NTN-F desta quinta-feira (17) e anunciou leilões diários de compra de NTN-F entre esta quarta (16) e sexta-feira (18).
O Tesouro atribuiu a estratégia à “volatilidade observada no mercado desde o resultado das eleições nos EUA”. Ainda segundo nota do órgão, “o objetivo do programa é fornecer suporte ao mercado de títulos públicos, garantindo o bom funcionamento desse e de outros mercados correlatos”.
O contrato de DI para janeiro de 2018 caiu de 12,540% para 12,410%; o DI para janeiro de 2019 recuou de 12,230% para 11,990%; e o DI para janeiro de 2021 cedeu de 12,420% para 12,090%.
O Ibovespa terminou em alta, descolando-se do cenário externo. “Foi um pregão atípico, com o índice ajustando-se à forte alta de ADRs [American Depositary Receipts] brasileiros na Bolsa de Nova York durante o feriado aqui”, comenta Marcelo Varejão, analista da corretora Socopa.
O principal índice da Bolsa subiu 1,85%, aos 60.759,32 pontos. O giro financeiro foi de R$ 12,2 bilhões.
Também houve vencimento de opções sobre o Ibovespa nesta sessão, embora a liquidez em meses ímpares, como novembro, seja baixa.
As ações preferencias da Petrobras ganharam 5,28% e as ordinárias avançaram 4,17%. Os papéis de bancos também registraram valorização: Itaú Unibanco PN ganhou 4,93%; Banco do Brasil ON, +6,47%; Santander unit, +5,37%; Bradesco PN, +1,50%; e Bradesco ON, +2,05%.
As ações da Vale perderam 7,36% (PNA) e 4,95% (ON), com o forte o recuo do minério de ferro na China. Papéis de siderúrgicas também caíram.
Em Nova York, o índice S&P 500 caía 0,17%, devolvendo parte dos ganhos da vésperam e o Dow Jones, -0,29%. O índice de tecnologia Nasdaq avançou 0,38%.
As principais Bolsas europeias encerraram a sessão em baixa.
Folhapress