A Polícia Federal e o Ministério Público Federal em Goiás deflagraram na manhã desta quinta-feira (25) uma nova operação para investigar suspeitas de corrupção envolvendo as obras da Ferrovia Norte-Sul.
Batizada de “De volta aos trilhos”, a operação é um desdobramento da Lava Jato e uma nova etapa das Operações O Recebedor e Tabela Periódica. São investigados crimes de lavagem de dinheiro decorrente do recebimento de propina nas obras da ferrovia
Na operação conjunta, foram cumpridos dois mandados de prisão preventiva, quatro mandados de condução coercitiva e sete mandados de busca e e apreensão nos Estados de Goiás e Mato Grosso.
Foram alvos de mandados de prisão Jader Ferreira das Neves, filho do ex-presidente da Valec José Francisco das Neves, o Juquinha, e o advogado Leandro de Melo Ribeiro. Juquinha foi alvo de condução coercitiva.
Os mandados foram solicitados pelo Ministério Público de Goiás e concedidos pelo juiz substituto da 11ª Vara Federal da Seção Judiciária de Goiás, especializada em crimes financeiros e lavagem de dinheiro.
Os pedidos foram feitos com base na delação premiada de executivos das construtoras Camargo Corrêa e da Andrade Gutierrez, que confessaram o pagamento de propina a Juquinha, então presidente da Valec.
As investigações da Polícia Federal em Goiás também levaram à identificação e localização de parte do patrimônio ilícito mantido oculto em nome de laranjas.
Juquinha e seu filho Jader são suspeitos de lavagem dinheiro oriundo de propina e de ocultação de patrimônio. O advogado Leandro de Melo Ribeiro é suspeito de ser laranja de Juquinha e seu filho, além de ajudá-los na ocultação do patrimônio.
Também foi conduzido coercitivamente para depor o advogado Mauro Césio Ribeiro (sócio e pai de Leandro), além de Jeovano Barbosa Caetano e Fábio Junio dos Santos Pereira, suspeitos de prestarem auxílio para a execução de atos de lavagem.
As buscas e apreensões têm como alvo as casas dos investigados, a sede das empresas Pólis Construções e Noroeste Imóveis, que funcionariam no escritório de advocacia de Mauro Césio e Leandro Ribeiro, e a sede da Imobiliária Água Boa.
Juquinha e seu filho já foram condenados na ação penal resultante da operação Trem Pagador por formarem quadrilha e lavarem aproximadamente R$ 20 milhões oriundos de crimes de cartel, fraudes em licitações, peculato e corrupção nas obras de construção da Ferrovia Norte-Sul. Os dois aguardavam o julgamento de seus recursos em liberdade.
Segundo a Procuradoria, as prisões foram pedidas porque foi apurado que os investigados, mesmo depois de condenados, continuam a cometer crimes de lavagem de dinheiro, estão produzindo provas falsas, além de custear parte de sua defesa com dinheiro de propina.
A Justiça também decretou o sequestro e apreensão de bens que pertenceriam a Juquinha e seu filho Jader, mas que estariam em nome de terceiros. Entre os bens estão apartamentos, casa populares e duas aeronaves.